Quando eu era piquinino...
Nos tempo di meu avô
Minha Terra tinha coisa
Qui agora já si acabou.
Começava assim uma canção da minha infância que eu ouvia cantar, sentado à fogueira do acampamento, quando acompanhava o meu pai nas suas deambulações pelo sertão.
Naquelas paragens o sol desaparecia rapidamente, deixando atrás de si laivos de fogo que incendiavam o poente. As nuvens interpunham-se entre os últimos revérberos do sol e a terra, deixando no ar tonalidades inesperadas de um amarelo indefinido. A noite aproximava-se com rapidez. Do lado oposto ao ocaso fulgurante do sol, surgiam , de quando em vez, dentre as nuvens escuras, traços repentinos de electricidade. A trovoada habitual anunciava-se de maneira feroz. Era a hora do lobo... como dizia o meu pai. Na verdade, havia algo de mágico e fantasmagórico naquele momento de transição do dia para a noite.
Nos trópicos a noite cai de repente, como o pano após a última cena de um drama arrepiante.
De roda do fogaréu, os homens acocoravam-se à espera da hora do jantar. Era a hora da nostalgia... a família distante.
Miríades de insectos, atraídos pela luz bruxuleante do fogo, pejavam o espaço, atraindo, por sua vez, uma legião de estranhos seres. Os morcegos... "Morcego... Morcego... vem à cana que tem sebo..." gritava eu, empunhando uma cana que fazia revolutear em redor, na esperança de acertar nalgum morcego! E não é que às vezes acertava mesmo?
Nos tempo di meu avô
Minha Terra tinha coisa
Qui agora já si acabou.
Começava assim uma canção da minha infância que eu ouvia cantar, sentado à fogueira do acampamento, quando acompanhava o meu pai nas suas deambulações pelo sertão.
Naquelas paragens o sol desaparecia rapidamente, deixando atrás de si laivos de fogo que incendiavam o poente. As nuvens interpunham-se entre os últimos revérberos do sol e a terra, deixando no ar tonalidades inesperadas de um amarelo indefinido. A noite aproximava-se com rapidez. Do lado oposto ao ocaso fulgurante do sol, surgiam , de quando em vez, dentre as nuvens escuras, traços repentinos de electricidade. A trovoada habitual anunciava-se de maneira feroz. Era a hora do lobo... como dizia o meu pai. Na verdade, havia algo de mágico e fantasmagórico naquele momento de transição do dia para a noite.
Nos trópicos a noite cai de repente, como o pano após a última cena de um drama arrepiante.
De roda do fogaréu, os homens acocoravam-se à espera da hora do jantar. Era a hora da nostalgia... a família distante.
Miríades de insectos, atraídos pela luz bruxuleante do fogo, pejavam o espaço, atraindo, por sua vez, uma legião de estranhos seres. Os morcegos... "Morcego... Morcego... vem à cana que tem sebo..." gritava eu, empunhando uma cana que fazia revolutear em redor, na esperança de acertar nalgum morcego! E não é que às vezes acertava mesmo?
8 comentários:
Os meus parabens, isto é o que se chama um blogue de serviço publico para os amantes da natureza como eu.
Jorge
Obrigado Jorge
Eu penso que há conhecimentos que têm mais valor quando partilhados...
Volte sempre!
Um abraço
Pronto, já percebi onde é que o N. aprendeu a escrever :):)
Gostei imenso da forma como escreve. Estou a ver que a apetência para a escrita é de familia! Parabéns!
Hey, mas porque é que os meus leitores estão a fugir todos para o blog do meu pai?
eheheheh....
Eles voltam, está descansado...
Aprecio muito ler o Luís Sepulveda, escritor chileno bem conhecido em Portugal e no mundo. Exilado pelo regime de Pinochet, correu mundo e agora está radicado no norte de Espanha.
Os seus contos são baseados em fatos verídicos e, em geral, por ele vivenciados.
Peço-te que não deixes de o ler para verificares que os teus contos não são inferiores aos dele.
Tens de publicá-los: serão uma bela
herança para os teus netos.
Memórias de um tempo melhor: a infância, descritas com arte e muito carinho.
E como "RECORDAR É VIVER", deste modo, podemos reviver um pouco a nossa meninice.
Não há dúvida que o sertão faz evocar recordações místicas...
Recordei a linda canção popular:
"Não há, oh gente, oh não,
Luar como esse do sertão!
Como eu lamento não ter conhecido o Brasil!
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