segunda-feira, 7 de novembro de 2011

OS LICORES DO JARDINEIRO DO REI

A fabricação de licores é uma actividade que se perde na bruma dos tempos. A modernos processos de produção são os herdeiros de uma tradição ancestral que entronca na actividade de alquimistas, bruxos, feiticeiras. Na verdade, a medicina popular, utiliza desde sempre licores, vinhos medicinais, elixires, mezinhas, pomadas, que tanto serviam para curar o corpo como para aquecer a alma.
Podemos definir "Licor" (do latim liquifacere) como uma bebida alcoólica, com açúcar e perfumada com  frutos - secos ou frescos - ervas, flores e especiarias. Estes ingredientes, isolados ou associados entre si, transmitem a esta bebida o seu sabor peculiar.
 Os licores possuem tradições velhas de séculos. Muitos foram criados no sigilo dos mosteiros e conventos.
É o caso do Arrabidino. Este licor foi, durante séculos,  produzido no Convento da Arrábida- (fundado em 1542 por Frei Martinho de Santa Maria,  franciscano castelhano a quem D. João de Lencastre (1501-1571), primeiro duque de Aveiro, cedeu as terras da encosta da serra, para a sua construção) pelos frades arrábidos.  A sua receita exacta desconhece-se. Apenas se sabe que era feito com bagas de Murta. os murtinhos, colhidos nesta época do ano, nas encostas da Serra da Arrábida, que se juntavam aguardente, açúcar e  ervas aromáticas, também elas colhidas na Serra. Consta que era posto em repouso por quinze anos e só depois consumido. Talvez como "vinho de meditação". Durante anos tentei saber mais... muito pouco consegui saber. Decidi arriscar... Eis o resultado: Um licor muito agradável, com um aroma balsâmico, sabor intenso, às bagas de murta que lhe transmitem os fortes sabores mediterrânicos, bem casado com as ervas aromáticas. Na boca deixa marca ainda demasiado forte, a pedir anos de sossego e descanso para se suavizar. Nada tem de enjoativo - nem de pastoso. Enfim... um belo licor para se degustar à lareira neste inverno que se aproxima... Para beber e meditar!

 (Eu sei que elogio de boca própria soa a  vitupério e não fica bem... mas que o meu licor está  bom, isso está!)



Os "murtinhos"

Rosmaninho

Tomilho de Creta
Alecrim
SABORES DE OUTONO
TARTE DE MURTA 
Uma sobremesa diferente - apenas leva 75 gramas de açúcar. Ideal para quem não aprecia sobremesas demasiado doces. As bagas de murta transmitem-lhe o sabor forte da gastronomia mediterrânica.
A PRÓXIMA SAFRA

Algumas experiências... Sabor a Chá Príncipe e a Rosmaninho Africano. Uma heresia, eu sei. Que me perdoem o frades arrábidos