segunda-feira, 7 de novembro de 2011

OS LICORES DO JARDINEIRO DO REI

A fabricação de licores é uma actividade que se perde na bruma dos tempos. A modernos processos de produção são os herdeiros de uma tradição ancestral que entronca na actividade de alquimistas, bruxos, feiticeiras. Na verdade, a medicina popular, utiliza desde sempre licores, vinhos medicinais, elixires, mezinhas, pomadas, que tanto serviam para curar o corpo como para aquecer a alma.
Podemos definir "Licor" (do latim liquifacere) como uma bebida alcoólica, com açúcar e perfumada com  frutos - secos ou frescos - ervas, flores e especiarias. Estes ingredientes, isolados ou associados entre si, transmitem a esta bebida o seu sabor peculiar.
 Os licores possuem tradições velhas de séculos. Muitos foram criados no sigilo dos mosteiros e conventos.
É o caso do Arrabidino. Este licor foi, durante séculos,  produzido no Convento da Arrábida- (fundado em 1542 por Frei Martinho de Santa Maria,  franciscano castelhano a quem D. João de Lencastre (1501-1571), primeiro duque de Aveiro, cedeu as terras da encosta da serra, para a sua construção) pelos frades arrábidos.  A sua receita exacta desconhece-se. Apenas se sabe que era feito com bagas de Murta. os murtinhos, colhidos nesta época do ano, nas encostas da Serra da Arrábida, que se juntavam aguardente, açúcar e  ervas aromáticas, também elas colhidas na Serra. Consta que era posto em repouso por quinze anos e só depois consumido. Talvez como "vinho de meditação". Durante anos tentei saber mais... muito pouco consegui saber. Decidi arriscar... Eis o resultado: Um licor muito agradável, com um aroma balsâmico, sabor intenso, às bagas de murta que lhe transmitem os fortes sabores mediterrânicos, bem casado com as ervas aromáticas. Na boca deixa marca ainda demasiado forte, a pedir anos de sossego e descanso para se suavizar. Nada tem de enjoativo - nem de pastoso. Enfim... um belo licor para se degustar à lareira neste inverno que se aproxima... Para beber e meditar!

 (Eu sei que elogio de boca própria soa a  vitupério e não fica bem... mas que o meu licor está  bom, isso está!)



Os "murtinhos"

Rosmaninho

Tomilho de Creta
Alecrim
SABORES DE OUTONO
TARTE DE MURTA 
Uma sobremesa diferente - apenas leva 75 gramas de açúcar. Ideal para quem não aprecia sobremesas demasiado doces. As bagas de murta transmitem-lhe o sabor forte da gastronomia mediterrânica.
A PRÓXIMA SAFRA

Algumas experiências... Sabor a Chá Príncipe e a Rosmaninho Africano. Uma heresia, eu sei. Que me perdoem o frades arrábidos




quinta-feira, 27 de outubro de 2011

PLANTAS MÁGICAS - O OLIMPO VEGETAL

Houve um tempo, no Renascimento, em que monarcas, outros nobres e poderosos, ordenaram a construção de artísticos e faustosos jardins. Alguns deles sobreviveram até aos nossos dias. Nesses jardim era sinal de bom gosto e de poder,  a exibição de plantas exóticas provenientes de terras distantes
Uma outra função destes espaços é o cultivo de espécies vegetais necessários à produção de elixires medicinais, unguentos e mezinhas, através de técnicas alquimísticas.
Este processo visava três objectivos:
Primeiro, a exibição de riqueza e fausto (já naquele tempo era assim...)
Em segundo lugar a produção das tais essências medicinais. O último objectivo era a busca de sinais do oculto, do mágico, da tentativa de entendimento dos sinais divinatórios que estabelecessem um elo de ligação entre o divino e misterioso e o homem na sua condição de ser terreno.
A ligação das plantas a certas divindades gregas ou romanas é um dado adquirido de todo o universo vegetal.
Júpiter, deus romano, senhor das divindades, com paralelo no deus grego Zeus, estabelecia uma espécie de fluído mágico entre a planta e o homem.
Apenas três exemplos desta vinculação Divindade/Planta.

Olho de Júpiter (Sempervivum tectorum)- Esta estranha planta, com forma de corpo celeste, presenteia-nos  com uma flor que tem o seu centro parecido com um olho humano. Assim, era recomendada para doenças do foro oftalmológico. Era colhida à quinta-feira, dia consagrado a Júpiter. Também tinha grande sucesso como afrodisíaco.

Açafrão do Prado  (Colchicum autumnale)- Esta é uma planta directamente ligada à deusa grega Medeia, hábil produtora de venenos. Ela e sua irmã Circe, também temível feiticeira, passavam o tempo nas montanhas em busca de plantas venenosas. Quando a noite caía, as duas tratavam de destilar as suas poções diabólicas no mais profundo sigilo.
As bagas de Açafrão, preparadas em infusão, provocam em quem as ingere um medo profundo.


 Carvalho (Quercus...)- A imagem desta árvore foi, desde sempre em todas as mitologias, escolhida para simbolizar, a força, a vida, a imortalidade, o esforço humano para alcançar o cosmos.
O passar das estações não a afecta. Na verdade, quando olhamos esta árvore magnífica, aproximamo-nos do conceito da imortalidade.  Daquele momento telúrico que liga o homem ao céu, à divindade. As suas raízes disformes, parecendo uma patorra gigantesca com garras que prendem o chão. Os seus ramos, braços desvairados de uma qualquer divindade, erguidos, tentando alcançar o céu, criam um estranho e mágico eixo cósmico. 
A sua altura imensa, faz dela um pára-raios, daí ser consagrada ao deus do raio e do céu, na Grécia, Zeus. Em Roma Jupiter. 
A maça de Hércules era feita da madeira desta árvore.

domingo, 25 de setembro de 2011

VINDIMA NA ULTIMA VINHA DE LISBOA

Na Tapada da Ajuda, em terrenos do Instituto Superior de Agronomia, está a última vinha da cidade de Lisboa.
Este ano, porque os tempos são de penúria, houve que recorrer ao voluntariado para que a vindima se fizesse no tempo certo (nem mais nem menos, um dia...), porque a arte e magia de fazer vinho assim o exigem. E depois há os açucares, os taninos, o engaço e o desengaço, sem esquecer o aroma e o encorpado. Tudo tem que estar afinado para que o néctar de Baco se produza com acerto e não deixe mal, perante os alunos, o mestres enólogos. Porque aquela casa é uma Escola.
Nos quase 3 hectares de vinha, estão plantadas 12 castas brancas e tintas. As vinhas do ISA são três: A Vinha Nova , com castas brancas as Vinhas Almotivo e da Encosta com castas tintas. 
Nas castas brancas podemos encontrar algumas castas menos conhecidas, como a Macabeu e a Viosinho. Também se pode observar a casta Alvarinho, tradicionalmente conhecida por produzir o magnífico vinho verde Alvarinho em terrenos minhotos.
E se o trabalho da vindima é duro em dias canícula, é extremamente compensador em termos de experiência unica que é termos a estranha sensação de estarmos a vindimar tendo como fundo sonoro o ruído incessante dos automóveis na ponte 25 de Abril e dos aviões que, a toda a hora, se dirigem para o aeroporto de Lisboa. Isto, paredes meias com os prédios de Alcântara e da Ajuda. E depois... há a simpatia da Ângela, qual formiguinha sempre a cirandar, a aconselhar e a ensinar...

Vinha Nova
                      Vinha da Encosta. Ao fundo a Ponte 25 de Abril                        


Vinha do Almotivo. Vislumbra-se o casario de Alcantara, o Tejo e a "Outra Banda" 

E de imagens surpreendentes também se faz a vindima no ISA...

Ninho de melro  com um cacho de uva Moscatel dentro. O proprietário 
da habitação tem o restaurante à porta de casa...
As estranhas castas do ISA...











    
E como as vindimas são feitas com gente dentro...

E objectos estranhos...
O velho alambique com mais de cem anos

E belas imagens...



  
Brindemos... 
E façamos um voto, que "contra ventos e marés ", se não concretizem projectos de "reconversão" urbanística deste espaço mágico. Que as pessoas que gostam verdadeiramente da Tapada da Ajuda, não permitam que os interesses imobiliários mais ou menos obscuros, patrocinados pelos poderes instituídos, se sobreponham ao valor histórico, sentimental e patrimonial deste local.
E que...
A vindima na última  vinha da cidade de Lisboa, não seja a última vindima na última vinha da cidade de Lisboa.


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

PROJECTO ESCOLA VERDE - O FIM...

Há dois anos atrás, na Escola Secundária Dr. José Afonso - Seixal, decidi aceitar um desafio. Com alunos e professora iniciar um projecto de cidadania para o Ambiente, que se foi desenvolvendo por dois anos. O Projecto "Escola Verde", integrado na Área Projecto.
Esta ideia que, inicialmente, se resumia ao aproveitamento dos imensos desperdícios que uma escola produz, numa simples actividade pontual que se chamava Projecto Compostagem, foi evoluindo para algo que poderia ter sido uma mensagem de cidadania da Escola e dos seus actores, para a comunidade. Só que... Terminou. Já não há mais espaço para este projecto. O Ministro da Educação diz que Área de Projecto é tempo perdido... Resta olhar para as imagens...


OS JOVENS JARDINEIROS


PILRITOS (Fruto do Pilriteiro)
DRAGOEIRO

LODÃO BASTARDO
TIBOUCHINA (Aranha)

ÁREA DA COMPOSTAGEM
LANTANA (e uma borboleta...)

CIDRÃO
FLOR DO CIDRÃO

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

ARTES DE CURA E ESPANTA-MALES

   Extractos deliciosos de Medicina Popular da imensa recolha feita por Michel Giacometti e publicados no seu livro "Artes de Cura e Espanta-Males" Edições Gradiva, (com a devida vénia)   Para cada mal a sua receita que vai variando consoante a maleita, a região do país e, obviamente, quem prescreve. Vale a pena admirar e deleitarmo-nos...

Dermatologia
Aftas (sapinhos)
-Contra os sapinhos ou aftas das crianças, meter-lhes na boca a chave do sacrário.

- Esfrega-se a língua na cal da parede.

Boqueiras
Curam-se através da aplicação de saliva, enquanto as benzedeiras recitam:
Bicho, bichoucro,
Que vens cá buscar?
Com seiva da boca
E cinza do lar
To hei-de queimar!

Para talhar o farfalho (aftas)
Leva-se a criança a uma corte onde tenham comido na mesma pia um porco e uma porca, passa-se três vezes , em cruz,a criança sobre a pia e diz-se três vezes:
Farfola, vai-te daqui,
Que porco e porca comem aqui.

Brotoeja (Bretueja, vertueja)
Contra a brotoeja, tem sido remédio específico ir a uma pocilga de porcos e esfregar o corpo com a palha que lhes serve de cama, repetindo três vezes: 
Sapo sapão,
Bicho bichão,
Rato ratão,
Lagarto lagartão,
Saramela saramelão,
Aranha aranhão,
E todos os bichos que tais,
Secos mirrados sejais.

Ortopedia - Para curar o pé torcido (ou retrocido)
Com uma agulha de arremendar e num novelo de tiras, vai-se dizendo as palavras e vai-se cosendo no novelo, nove vezes, durante nove dias 
Eu te coso,
Carne quebrada, nervo torto!
Carne quebrada, torna-te a soldari!
Nervo torto, torna o tê lugari!
Nervo que te retrocestes,
Dês te ponha onde tu nascestes!

(para calquer má jeito a um péi, ou em calquer banda)

Pediatria - Primeiro banho
Quando se lava uma criança pela primeira vez, dá-se-lhe água do banho a beber:

Auguinha de cu lavado,
Para a menina ir ao recado.

Auguinha do teu cu,
Que te não de faz mal nenhum.

Quem quiser que o menino cresça,
Lave dos pés p'ra a cabeça.

As boas águas te lavem,
E as boas fadas te fadem.

Auguinha a correr,
E o meu menino a crescer!

Auguinha a lavar,
E o meu menino a medrar!

Cada lavadura,
Cada formosura.

Alguns conselhos...
- Para que a criança não fique com uma face mais gorda que a outra, é deitada, alternadamente, para um lado e para outro.
- Logo que nasce, lava-se a criança com vinho branco.
- Dá-se à criança uma colherzinha de vinho (que é o sangue de Cristo), antes de ela mamar.
- Logo que nasça a criança, lavam-lhe a cabeça com uma clara de ovo, batida numa porção de água morna e temperada com aguardente.
- Tem que se ter cuidado com o cordão umbilical. Se os ratos o levarem, a criança dá em ladrão.
- Deve-se colocar o cordão umbilical dentro de um livro para a criança medrar  bem.

terça-feira, 5 de julho de 2011

5 DE JULHO DE 2010 / 5 DE JULHO DE 2011 - UM ANO DE CANTO DA TERRA




 IUUUUUUUUUPPPPPPIIIIIIIIIIIII !!!!!!!!!!!!


14 280 VISUALIZAÇÕES:

     -8722 de Portugal
     -4497 do Brasil
     -148   de Cabo Verde
     -125   dos Estados Unidos
     -  87   da França
     -  59    da Nova Zelândia
      ...... / .......
     - 34 da Coreia do Sul
     -   2 da Croácia

198 COMENTÁRIOS

FONTES DE TRÁFICO:
      Marcha dos Pinguins - 171
      Lucinhas Dream Garden - 130
      Orquídeas-Almeida - 80
      Libertina - 29

PALAVRA CHAVE PESQUISADA: 
      Calda de sabão e óleo para o jardim 

Olhando com um pouco de atenção para estas estatísticas e começando pelas "Visualizações de páginas", Os meus "olheiros" principais estão em Portugal. Normal... aqui circulam os que:  "olhem-me para este sujeitinho, convencido que é escritor..." (parece que estou a ouvir alguns...). Cabo Verde, está lá o meu "guru", o meu mentor espiritual: JC? Sim, NAF! (filho). Onde é que tens andado que nunca mais publicaste nada? Do Brasil... Terra do meu Pai... e da minha amiga Lella... Já dos Estados Unidos... 125 espreitadelas... Espero que não sejam os tipos do FMI. Da Nova Zelândia, só pode ser mesmo a Lucinha, que mais ninguém se iria interessar pelos meus escritos mal amanhados. Mas há uma coisa que faz ficar de "pulga atrás da orelha". Porque raio vieram 34 sul-coreanos espiar o meu blogue? e mais 2 croatas? Será que desconfiam que minhas Mezinhas, Benzeduras, Angaranhos e Fumigações são armas de destruição maciça? 
Imperdoável! O INE (ou seja lá quem for...) esqueceu-se de incluir o Antagonices. da Antígona (leitora atenta e benevolente desde a primeira hora) nas fontes de tráfego...
Quanto aos 198 comentários... bem, alguns são meus. É isso mesmo! Comentei-me a mim próprio.  Devo confessar, em nome da verdade, que sempre me senti frustrado quando, depois de, inspiradamente, ter perdido longas horas em iluminadas "postagens", verificava que afinal ninguém se interessava por elas. E aquele "0 comentários" era, para mim, um dedo acusador  apontado pelos meus "olheiros": Jardineiro... Vai antes catar pulgões nas tuas alcachofras!  E então, pela calada da noite, sorrateiramente,  não fosse alguém ver, lá me auto-comentava eu: "Anónimo disse: Jardineiro do Rei, adorei este blogue, hei-de voltar mais vezes," E com o cúmulo da desfaçatez, respondia-me: Obrigado, anónimo, pela sua visita, e pelas suas simpáticas palavras. É que 2 comentários sempre são melhores que nada...

Uma ultima consideração. A Palavra Chave mais pesquisada: Calda de sabão e óleo para o jardim... bem,  não é nada de miraculoso... só serve mesmo para dar banho aos pulgões e às osgas...

Para terminar. Por favor sejam tolerantes. Eu não consigo mesmo respeitar o novo Acordo Ortográfico...

 Este é mesmo um  mundo do "faz-de-conta".

Não há dúvida... eu sou o maior! Mas só da minha rua...

terça-feira, 28 de junho de 2011

PREPARAÇÃO ARTESANAL DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS EM AGRICULTURA BIOLÓGICA

FAÇA A SUA PRÓPRIA CALDA BORDALESA

Entre os nossos agricultores é comum ouvir-se dizer que os produtos fitossanitários, nomeadamente a calda bordalesa, do "antigamente" é que eram bons, porque cada um os elaborava à sua maneira, com o seu toque pessoal, fruto da experiência transmitida de geração em geração. Talvez tivessem razão...
Hoje, não precisamos de ter esses conhecimentos. Numa qualquer prateleira de uma grande superfície comercial, encontramos esses produtos com a mesma facilidade com que dispomos de  uma embalagem de leite. Quanto a mim, mal...
Para os mais tradicionalistas aqui vai a receita para produzirem a sua própria calda bordalesa...

Preparação para 10 L de calda 
1.- 100 gr de sulfato de cobre - dissolver o o cobre previamente num recipiente não metálico, com 2-3 litros de água morna  (a dissolução leva algum tempo). Deixar arrefecer e depois acrescentar água fria  até cerca de 8 L.
2.- 100 gr de cal viva - diluir noutro recipiente em 2 litros de água quente. Deixar arrefecer. 
3.- Agitar bem a cal e deixar assentar um pouco para excluir material mais grosseiro e eventuais impurezas. Preferível decantar para outro recipiente.
4.-  Juntar a água de cal lentamente sobre a solução de sulfato de cobre, mexendo vigorosamente. Quanto mais lentamente se adicionar o leite de cal  à solução de sulfato e mais fortemente se mexer a mistura, melhor será a qualidade da calda obtida (dar tempo suficiente para se processarem as reacções intermédias). Não misturar as caldas concentradas.
5.- verificar a acidez da calda. Para se determinar a quantidade exacta de leite de cal necessária para neutralizar a calda, mergulhe-se uma tira de papel reagente. Quando este atingir a cor vermelha, suspende-se a adição de leite de cal. Em alternativa, pode-se usar uma lâmina de ferro mergulhada durante 3 minutos. Enquanto a lâmina escurecer a calda ainda está ácida.
6.- Completar com água até ao volume de 10 L, mexendo energicamente. Adicionar o mínimo de água possível e apenas para ligeiro acerto. As caldas devem estar já suficientemente diluídas durante a mistura.

Convém ter em atenção o seguinte:
O resultado das adições de sulfato de cobre e de cal viva é uma série de compostos, que vão evoluindo ao longo do tempo, perdendo algumas características e ganhando outras, Por isso deve ser utilizada de imediato ou no prazo máximo de 24 horas.
Para melhor fixação da calda bordalesa à planta pode-se usar um agente molhante. Sabão de potássio, por exemplo, diluído - 100 gramas de sabão para 10 litros de água e acrescentado à calda uma pequena quantidade.
A cal viva deve ser de boa qualidade, com poucas impurezas, em pedra.
A cal  nem sempre reage integralmente com a água, por isso deve ser coberta com água quente. O resíduo final  não deve ser utilizado.
O vasilhame deve ser de madeira ou plástico. Os depósitos metálicos reagem com o sulfato de cobre.
A calda não deve ser aplicada em épocas muito frias, com risco de geadas.

FINALIDADES DA CALDA BORDALESA
A) Tratamentos de Inverno
      - Pomóideas (macieira, pereira) - Doenças: cancros, pedrados.
      - Prunoideas (pessegueiro, damasqueiro, ameixeira) - Doenças: cancros, lepra
B) Tratamentos em vegetação
      - Oliveira - Doenças: gafa
      - Videira - Doenças: míldio, podridão
      - Citrinos - Doenças: míldio. Pragas: Preventiva contra a cochonilha 
      - Hortícolas - Doenças
           Couve: míldio
      - Cocurbitáceas -(abóbora, courgette, melão...), mildio
      - Tomateiro: Mildio, bacterioses.
      - Roseiras: mildío
     

segunda-feira, 6 de junho de 2011

JARDIM INTERIOR - O ÉDEN PERDIDO...

O Jardim do Éden, o paraíso perdido do nosso imaginário ancestral, alguma vez existiu? Esta é uma duvida e uma pergunta intemporal, que tantas vezes se formula. Ou será apenas o desejo do ser humano de transportar para dentro de si a paz e a magia que vislumbra  no desabrochar de uma flor? Talvez o desejo e a  necessidade de nos voltarmos a integrar no seio da nossa Mãe Natureza e assim reassumirmos o nosso papel de actores no  grande Teatro da Criação, deixando sempre a Ela o papel de "ponto"... ou, quem sabe? reassumir a nossa esquecida sabedoria interior.
Quantas vezes ansiamos por largar tudo, correr para a uma praia, para o campo, ou simplesmente descalçarmo-nos e chapinharmos num charco? Sentindo a energia primordial fluir da terra... sentirmo-nos donos de tudo... mar, terra, o longe e a distância, sem precisar ter posse de nada!
A verdade... sentimos saudade de nós próprios, de algo que não conseguimos identificar e concretizar.  Desse Jardim do Éden que afinal existe dentro de cada um de nós mas que, estranhamente,  estiolamos. Da busca desesperada de paz, de regresso à origem, de encontrar o caminho...
Nós somos terra... e em terra nos havemos de tornar. É o principio do retorno. O chamamento da terra!
O Jardim do Éden é um legado ancestral, que foi depositado pela Mãe Natureza na alma de cada homem. Lá está, gravado de forma indelével. Ele é o caminho. Simultaneamente partida e chegada.
De cada vez que olhamos a vida que reflui à nossa volta com os olhos da alma... estamos a caminhar ao encontro do nosso Jardim do Éden... do nosso Jardim Interior 


domingo, 8 de maio de 2011

MINHOCAS (Eisenia foetida)

Numa das minhas aulas jardinagem, mais propriamente sobre compostagem, ao enaltecer as virtudes laborais das minhocas referi que para além de excelentes trabalhadoras na produção de adubo biológico (se a Confederação dos Patrões de Portugal sabe disto...) elas - as minhocas - são compostas por cerca de 90% de proteína pura, acrescentando, em jeito de graça, que um dia destes o McDonald's  talvez venha a apresentar o BigMacMinhoca... 
Pois bem... descobri, algures, estas duas receitas gastronómicas, verdadeiros tesouros para os amantes de emoções fortes...

PATÉ DE CARNE DE MINHOCA
Cozer, durante 15 minutos em 250 ml de água:
      - 1 chávena de minhocas, cortadas em pedaços
      - 1 chávena de flocos de aveia
      - 1/2 chávena de cebolinhas cortadas às rodelas
      - 1 colher de óleo

Juntar dois ovos, um pouco de farinha, sal, pimenta, diversas ervas aromáticas. Servir quente.

CARIL DE MINHOCAS COM ERVILHAS
Ingredientes:
 - Leite
 - Noz de coco
 - Nabos
 - Açúcar amarelo
 - Manteiga
 - Cebola picada
 - Sal
 - Tabasco
 - 1 dente de alho
 - 1 colher de caril
 - 100g de farinha
 - 4 gemas de ovos
 - 1 lata de ervilhas médias
 - 1 clara de ovo batida em castelo
 - Pimenta
 - 200 g de minhocas cortadas em pedaços com menos de 2 cm cada um.

Preparação:
Ferver o leite e juntar a noz de coco e o açúcar amarelo. Quando estiver morno, deitar as cebolas na manteiga, juntar o alho, em seguida o caril, e depois a mistura de noz de coco.
Juntar em seguida a farinha. Pôr ao lume, durante 10 minutos, em fogo lento, mexendo sempre.
Numa caçarola desfazer as gemas de ovo, a que se juntas as ervilhas e as minhocas.
Introduzir tudo no forno bem quente durante cerca de 40 minutos. Servir de seguida!

Só me resta desejar (para os corajosos...): Bom Apetite!
  

domingo, 27 de março de 2011

A VIDA INTIMA DAS FLORES - NO CALOR DA NOITE (LADIES NIGHT)


Filodendro
Espata e espádice
O Filodendro (Philodendron selloum) é uma planta, com folhas de um verde vibrante e de brilho intenso. Esta planta é muito conhecida como ornamental. Produz flores de um branco cremoso com, aproximadamente, 25 cm de comprimento e uns 2,5 cm de diâmetro e... com a forma de um pénis. Este "pénis", afinal não é mais do que uma inflorescência com centenas de pequeninas flores. Estas flores, minúsculas, crescem coladas a um caule comum conhecido por espádice. O espádice está instalado dentro de uma taça que  por sua vez está envolta numa espécie de folha conhecida por espata, verde por fora e de cor branca leitosa por dentro e conta com três tipos de flores: flores femininas férteis em baixo, flores masculinas estéreis no meio  e flores masculinas férteis no topo.
À flor do Filodendro  já não bastava  nos presentear com uma imagem fálica como ainda por cima nos surpreende com uma característica única: é quente! 
O espádice branco, semelhante a uma moca, fervilha de calor - aproximadamente 45 graus. 
As flores masculinas geram calor e o calor vaporiza fluidos que libertam um cheiro picante e intenso.
Em noites frescas a temperatura do espádice e o odor que liberta, atingem o seu climax por volta das dez horas da noite.
A essa hora uma multidão de escaravelhos, vindos do chão ou de outras flores do Filodendro, ziguezagueando pelo ar, vão seguindo o cheiro até terem contacto visual com  a flor. Então, precipitam-se para dentro da espata, deslizando ao longo da sua parede até caírem no fundo da câmara floral   onde se deliciam com uma substancia pegajosa e doce excretada pelas flores femininas dessa zona. Esta é a câmara sexual, uma espécie de alcova quente e doce, no suave calor da noite,  onde os escaravelhos acasalam livremente.
Por toda esta agitação a flor cobra os seus dividendos. Fornece alimento e aconchego aos insectos mas estes têm de cumprir a sua parte do acordo tácito: a polinização. Os escaravelhos ficam cobertos de pólen, saem, levantam voo e vão recomeçar o ciclo noutra flor.
Este comportamento, embora raro, não é exclusivo do Filodendro. Há uma planta tropical, a Língua de Dragão, que também tem a particularidade de aquecer. Esta acrescenta ao calor emitido um cheiro pouco agradável a fezes frescas que atraem moscas e escaravelhos. É provável que seja o calor gerado pela flor que faz volatilizar os líquidos existentes na taça floral de forma a que o desejo sexual dos insectos seja activado.
Há muito que o homem associa as flores ao acto do amor, seja no plano meramente sentimental e platónico, seja no acto físico em si. Vale a pena analisarmos o comportamento sexual de certas plantas e tentarmos concluir que afinal os reinos animal e vegetal não estão tão distantes assim, um do outro.