segunda-feira, 29 de outubro de 2012

FIGUEIRA DA INDIA;TABAIBEIRA; NOPAL (Opuntia ficus-indica)

"Não se sabe como nasceu: deixando entrever as suas mãos planas, o seu rosto oval e achatado, do qual brota mais um e outro. 
Todos eles defendidos por agudos espinhos geometricamente acomodados nas suas folhas grossas e, apesar disso, lustrosas sob a agressão das suas múltiplas agulhas. Ninguém a rega, ninguém a cultiva. Sorve os sucos vitais da terra, da pedra que a entroniza. E, um belo dia, dessas mãos largas e planas brotam pequenos dedos vermelhos: as tunas, tenochtl,  figos-da-india, tabaibos - vermelhos como o coração dos homem; abrigadas, envoltas na casca que repete em pequeno como uma ténue rima, a geometria hostil das espinhas do berço que a sustém."
                                                                            (Salvador Nuno)

Licor de Tabaibo

A Figueira-da-India, Tabaibeira na minha terra... é uma planta suculenta que chega a medir até cinco metros de altura. Estranha no seu aspecto, lembra um divindade Indu de desvairados braços no ar... Extremamente rústica, resiste às mais violentas condições climatéricas. Os seus frutos, Figos-da-India (Tabaibos...), são comestíveis. É essa, entre nós, praticamente a sua única utilização. Que se saiba não há na Europa cultura sistemática desta espécie vegetal. Outro tanto não acontece em países da América Central como, por exemplo, o México, onde o seu cultivo é extensivo e muito importante, chegando a planta e o respectivo fruto a serem conservados em salmoura  ou em escabeche, sendo depois exportado para os Estados Unidos, Japão e Europa. 
O Figo-da-India é rico em cálcio, potássio, taninos e açucares. As flores da Figueira-da-India são ricas em flavonóides.

USO MEDICINAL
Mas não se ficam por aqui as surpresas que esta planta nos reserva. Desde tempos recuados que as civilizações pré-colombianas sabem das suas virtudes curativas.  As folhas são utilizadas para tratar queimaduras, abcessos e furúnculos, para ajudar no parto e para tratar amigdalites. Com a raiz tratam-se fracturas ósseas
Na medicina tradicional mexicana usam-se as folhas assadas no tratamento da Diabetes. 
Uma folha igualmente assada, colocada sobre o ouvido cura as dores. O suco gelatinoso é usado para tratar problemas de pele. 
Um copo de batido de sumo de laranja e duas folhas de Tabaibeira é tratamento eficaz contra a obesidade. 

UM ALIADO ECOLÓGICO
Como fixador de terras ameaçadas de erosão. Devido ao seu baixo consumo de água é ideal para reflorestar zonas em processo de desertificação.
A Figueira-da-India é uma excelente forragem para o gado em épocas de seca. Triturado é um ótimo fertilizante do solo.

NA COZINHA
As folhas tenras podem ser utilizadas em saladas, em vinagrete, em juliana, em creme de legumes, tortilhas...
Os Figos-da-India, além de serem excelentes comidos simples, também vão bem em saladas de frutos  em sumos.
Com os Tabaibos faz-se um excelente licor.

CURIOSIDADE
A Figueira-da-India é abrigo para um insecto, uma Cochonilha (Coccus cacti). Esta Cochonilha suga a seiva das folhas. Esta, ao entrar em contacto com os sucos digestivos, adquire a cor carmim (vermelha viva), sendo então utilizado para tingir tecidos, como tinta natural, na pintura de quadros, na decoração de paredes e pintura de obras de artesanato. Também como corante alimentar.


sábado, 6 de outubro de 2012

VOLUNTARIADO NO ISA -INSTITUTO SUPERIOR DE AGRONOMIA
VINDIMAS 2012

Este ano a Natureza foi pródiga. Uma bela safra...
Foi assim na última vinha da cidade de  Lisboa. Ao apelo de pedido de voluntários para vindimar, responderam cerca de 70 pessoas. Famílias inteiras disponibilizaram-se para participar nesta actividade. Uma espécie de regresso às origens de pessoas que sentiram o chamamento da Terra. 
Uma sensação algo estranha, estar a vindimar cercado de Lisboa por todos os lados.
Eis as imagens...





A extraordinária produtividade da casta Macabeu. Um cacho com mais de 5 quilos...
Ao fundo a Ponte 25 de Abril
O grande Eder...
Um belo cacho de Periquita.

Vinha com condução em Lira
A actividade na adega: Esmagador e o engaço
O sem-fim...
Finalmente o almoço de fim de vindimas...
O acordeonista solitário. Fim de festa...
As vindimas são uma festa. Para o ano que vem há mais. Estão convidados...

domingo, 29 de julho de 2012

OS AFRODISÍACOS NATURAIS

Um Fascínio milenar
Os afrodisíacos desde sempre exerceram uma enorme atração sobre a sociedade humana. Desde sempre a humanidade tem sistematicamente procurado meios de melhorar o desejo e o desempenho sexual. E desde sempre também, o Homem tirou partido do que estava mais à mão e  que lhe era facultado pela Natureza. Nisso ela é pródiga e muitos dos produtos que encontramos hoje à venda tem a sua origem nas próprias plantas ou  na extração dos seus princípios activos.
Recuando no tempo, tanto quanto seja possível, podemos constatar que o Homem, para além do prazer sexual, sempre buscou uma forma de procriar e de manter a espécie.
Príapo
Se procurarmos a origem do termo "afrodisíaco", verificamos que está ligado à mitologia grega e à deusa Afrodite, (a Vénus da mitologia romana),   deusa da beleza e do amor, filha de Zeus. Senhora de grande beleza e sedução, Vénus suscitou desde logo a cobiça de outros deuses. Apontam-se-lhe numerosos amantes: Hermes, Dionísio, Adónis. De Adónis, o seu amante preferido, não teve filhos. De Hermes, gerou Eros e Hermafrodite. Do segundo amante, Dionísio, teve dois filhos: Príapo e Hímen. Príapo era um deus muito peculiar. É-nos apresentado em numerosas estátuas e pinturas com um enorme pénis em constante erecção... (o termo priapismo, tem a sua génese neste estranho deus e significa uma erecção, longa, dolorosa e muitas vezes irreversível...).
A busca da eterna virilidade persegue o homem desde tempos imemoriais. E desde sempre, também, essa actividade está envolta em crendices, em práticas mágicas, domínio de curandeiros. Aqui há uma linha ténue que separa a verdade da charlatanice.


A Teoria das Assinaturas
Em poucas palavras, a Teoria das Assinaturas baseava-se no antigo provérbio "similia similubus curantur", "o semelhante cura o semelhante", ou seja, tudo o que provém da natureza, reproduz a imagem para que serve no mundo dos homens. Um exemplo: A romã! O seu sumo vermelho é semelhante ao sangue humano. Logo, o seu consumo era aconselhado como depurativo desse mesmo sangue. As suas sementes, com forma de pequenos dentes, eram usadas para tratar doenças do foro estomatológico. 
Pois bem... o problema da virilidade e do desejo (ou da falta deles),  não podia escapar a este conceito. 


O COCO NÁDEGA:
Nas Ilhas Seychelles, no Oceano Pacífico, uma palmeira muito rara de nome Lodoicea sechellarum, produz o fruto, coco, com a forma mais sensual do mundo. O seu desenho,  com dois lóbulos e uma cor escura, representa na perfeição as nádegas de uma mulher negra. Sem dúvida um fruto muito belo, de um tamanho enorme, cerca de vinte quilos de peso. Pelo seu aspecto estranhamente erótico, são-lhe atribuídas falsas virtudes afrodisíacas. Pode ser consumido como alimento e quando muito a sua forma deveras sugestiva induzirá o apetite sexual, mas só isso!


ARVORE DAS SALSICHAS:
Inúmeras plantas têm um orgão, raíz ou fruto, semelhante ao orgão sexual masculino. É o caso do fruto da Árvore da Salsichas (Kigelia africana). Ao fruto desta árvore, com forma de um pénis humano, em Africa,  são atribuídas virtudes afrodisícas e no tratamento de doenças venéreas masculinas. São-lhes atribuídas virtudes no alongamento sensível do pénis. Aqui, entra em função o curandeiro. Ele fará um pequena incisão na base do pénis do paciente e nela fará pingar um pouco do suco do fruto desta árvore sem o retirar da planta. Do tamanho do fruto dependerá no futuro o tamanho do pénis! 


Mas o Homem não recorre só aos afrodisíacos do  reino vegetal. Também o reino animal fornece, uma mão cheia de produtos. 
CANTÁRIDA OU MOSCA ESPANHOLA:
Este o afrodisíaco mais célebre - mas também o mais perigoso - do reino animal. O seu nome científico é Lytta vesicatória. Não é propriamente uma mosca, mas um escaravelho de uma brilhante cor verde. Encontra-se em regiões mediterrânicas e em África. Seco e reduzido a pó é conhecido desde a antiguidade no tratamento de diversas doenças. Conta-se que a Imperatriz Lívia, primeira esposa de Nero, divertia-se a deitar pó de Cantárida nos alimentos servidos aos seus familiares masculinos, para lhes despertar os apetites sexuais e assim criar situações comprometedoras.
A substancia activa do pó de Cantárida, é a "cantaridina". Um pequena dose 10 miligramas pode ser fatal. Quando ingerida, é expulsa através da urina, provocando irritação nas paredes interiores do aparelho urinário, o que leva a uma erecção violenta, extremamente dolorosa e por vezes irreversível. Neste caso a única hipotse médica de salvação é uma punção na base do pénis.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

UMA FORMA DIFERENTE DE SER SOLIDÁRIO

VOLUNTARIADO NO INSTITUTO SUPERIOR DE AGRONOMIA - ISA e no JARDIM BOTÂNICO DA AJUDA.

Numa época de penúria financeira, de crise profunda para que nos arrastaram politicas criadas por gente incompetente e mesquinha, restam os  valores humanos, a solidariedade e a generosidade.
Por tradição, a palavra "voluntariado" liga-se quase sempre a apoio a pessoas carenciadas, com necessidades especiais, crianças e até a apoio a instituições que se dedicam à protecção de animais.
Existe, no entanto, um outro tipo de voluntariado, pouco divulgado, mas particularmente meritório. Um voluntariado que se dedica à recuperação e restauro, manutenção e participação em mil uma actividades relacionadas com jardinagem e agricultura. Concretizando melhor, estou a referir-me ao Jardim Botânico da Ajuda e ao Instituto Superior de Agronomia de que o primeiro faz parte.
O Jardim Botânico da Ajuda, um espaço magnifico, carregado de história, cuja existência se confunde com a história de Lisboa, carece de quem apoie e ajude em tarefas de apoio à manutenção da colecção botânica e da recuperação e manutenção das estufas. É um trabalho que permite um contacto com a terra e com as plantas.
O Instituto Superior de Agronomia em breve (crê-se que na segunda quinzena de Agosto),  vai iniciar as vindimas na última vinha de Lisboa. Oportunidade única para sentir o campo em plena capital. Sentir o cheiro a mosto, entrar na velha adega, tocar em instrumentos e equipamentos ancestrais, de produção de vinho e aguardente (magníficos com direito a prova...). São precisos voluntários para toda esta actividade.

Vale a pena, podem estar certos!

Os contactos são:

Engenheira Dalila Espirito Santo: dalilaesanto@isa.utl.pt

Obs: A Engenheira Dalila Espirito Santo é Directora do Jardim Botânico da Ajuda e Investigadora e Responsável pelos Espaços da Tapada da Ajuda do Instituto Superior de Agronomia.

Eu estarei disponível para prestar todos os esclarecimentos:

João Carlos: jardineiro.do.rei@gmail.com

A VELHA ESTUFA-FRIA VAI VOLTAR A TER PLANTAS

ESTE JARDIM É MAGNIFICO E PRECISA DE GENTE DENTRO

AS VINDIMAS DO ULTIMO ANO NO ISA
E O CONVÍVIO NO FINAL DA VINDIMA 2011 (com o belo branco da Tapada da Ajuda...)
O RANCHO DE VINDIMADORES VERSÃO 2011


VÁ! DECIDAM-SE...

quinta-feira, 7 de junho de 2012

A CANÇÃO DA PRIMAVERA NO JARDIM DA VIDA - Para curar a alma...

O Jardineiro surgiu do nada, como o manto rubro das rosas na Primavera; Com umas sandálias de couro e um longo cajado de madeira de azinheira alentejana.
Deambulou por praças e mercados. Por vielas e tabernas. Sentiu o aroma acre do vinho novo. E encontrou o seu lugar nos arredores da aldeia, junto a uma velha oliveira centenária.
E uma velha casa, à qual quis como se fora feita para ele morar nela. Cheia dos bons e maus cheiros das casas que têm alma. Cheia de sol nas vidraças e de escuros nos recantos...
E construiu um jardim. Bordado com heras, jasmins e madressilvas. Salpicado de tomilhos, salvas, violetas, rosas, rosmaninhos, stévias, perilas, hortelãs, lírios e pensamentos.
Os Chapins azuis, os Pardais, os Melros e as Andorinhas, fizeram ninhos nas suas árvores e nos seus beirados. As fadas, os elfos e os gnomos procuraram refúgio entre as suas plantas.
Aos homens que o visitam, o Jardineiro diz-lhes que aquele é o Jardim da Vida. E que a sua porta estará sempre aberta a todo aquele que ali quiser encontrar a Paz.
E o Jardineiro dedicou-se a cuidar de plantas e árvores, pássaros, fadas, elfos e também do seu coração de Jardineiro...

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O Cantinho do Jardineiro, onde ele semeia pensamentos ao por do sol...




Os perfumes do Jardineiro de Plantas Mágicas: Tomilhos, Salvias, Perilas, Rosmaninho Africano, Stévia, Hipericão, Agastache, Nevedas, Milefolio, Agrimónia, Hortelãs, Cidreira, Onagra, Carvalhinha, Principe, Absinto... Perfumes maravilhosos que envolvem o Jardineiro em cada manhã...

Rosinhas de toucar

O Boldo Chinês também floriu...

Momento de ternura: A partilha com a Irmã Ovelha

A Feijoa de flores doces e delicadas

Os Irmãos Melros nunca deixaram um medronho para o Jardineiro...
Um ramo da Acácia Esponjeira do Deserto Arábico.  Um dia ela vai florir. E as suas flores estranhas vão atrair as Irmãs Abelhas, que vão produzir com o seu néctar o mel mais caro do mundo...

Hipericão é mágico à noite!


domingo, 27 de maio de 2012

O HUGO



Um dia o Hugo desapareceu de casa… ele já ameaçara: “Quando fizer 18 anos “bazo”… e assim fez!
O Hugo era um menino que eu conhecera aos 7 anos de idade numa instituição de acolhimento de crianças vítimas de abandono e maus-tratos. Demasiado pequeno para a idade, franzino e doente, os seus olhos, grandes e assustados, reflectiam todo o drama da sua curta e sofrida existência. Pela mãe havia sido abandonado numa Pensão do Cais do Sodré. A polícia chamada ao local, levara-o e encaminhara-o para um centro de acolhimento de crianças em risco. De saúde frágil, passou grande parte da sua meninice entre hospitais, lares e casas de familiares ausentes, nos afectos e nos carinhos. De novo entregue à família, de novo seviciado e violentado… o regresso à casa que o acolhera. Este ciclo de dor e sofrimento haveria de se repetir vezes sem conta… A sua história comoveu-me. Por aquela criança apaixonei-me e haveria de seguir as suas pisadas até hoje…
Nos estereótipos técnicos o Hugo foi taxado como “comportamento desviante e problemático”… Na verdade ele era um jovem abandonado da sorte. Um “desamado”. Eu sempre vira nele uma espécie de clandestino da vida, alguém que iria passar toda a sua existência na fila de espera e que morreria antes de chegar ao guichet de atendimento.
Mas o Hugo desaparecera… e durante anos não soube dele…
 Até que um dia, quis a sorte ou o acaso do destino, que me encaminhasse para um albergue dos “sem-abrigo” em Lisboa. E lá reencontrei o Hugo… faces macilentas, os mesmos olhos assustadiços, baços, já sem o brilho de outrora, o rosto de menino ainda, mas terrivelmente marcado pela vida, pelo vicio, pelo sofrimento. Um rosto igual a tantos outros que lá arrastam a sua existência…. Sem conseguirem chegar ao tal guichet do atendimento…
Hoje o Hugo, quase vinte anos volvidos, desde o nosso primeiro encontro, continua a viver, clandestinamente,  a sua vida dentro de instituições de recuperação de jovens de “comportamento desviante e problemático”… atrás de grades de prisões longínquas e miseráveis e eu dou comigo a pensar - a saudade a roer-me alma -  e a perguntar porque razão os “Hugos” deste mundo, os deserdados da fortuna, os clandestinos da sorte, terão que ser, necessariamente, os Filhos de um Deus Menor…

quinta-feira, 17 de maio de 2012

IIFESTA DA FLOR DE LISBOA - INSTITUTO SUPERIOR DE AGRONOMIA


No passado fim de semana decorreu, no Pavilhão de Exposições do Instituto Superior de Agronomia, a II Festa da Flor de Lisboa, numa organização da Universidade Técnica de Lisboa.
As imagens...



EU AMO ESTE LUGAR!