quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Minha Mãe - 29-10-2010

Este é o teu dia. Como se houvesse um dia específico para ti! Mas hoje quero conversar um pouquinho contigo. É que, sabes? Eu sinto que tenho andado um pouco afastado de ti... um pouco arredio. Vá... minha velhota, vamo-nos sentar os dois no banco de pedra, lá, à porta da casa da Avó Isabel, tua Mãe. Ou então, se preferires, naquele muro baixinho de pedra que eu fiz à volta da mangueira, que bordejava um canteiro de Alegrias da Casa... Olha Mãe, sentamo-nos onde calhar. Até podemos caminhar um pouco. Dá-me o teu braço... Tu eras pequenina, mas eu chamava-te minha "calmeirona", tu rias... nunca te zangavas. Por isso eras diferente! Deixa-me confidenciar-te uma coisa: Os meus amigos já sabem daquela história da ervinha perfumada que eu procurava na margem do ribeiro, que corria alegre lá ao fundo... lembras-te? Quando tu me chamavas: Joãozinho, vem para casa filho, já é tarde... Era até esse sítio que eu queria ir contigo. Talvez tu me ajudasses a encontrar a tal plantinha pequenina e perfumada, da minha infância, que eu nunca encontrei e que busco até hoje!
Mas o que eu queria mesmo, mesmo... era que tu me voltasses a contar aquela história do Ceguinho Saldanha... ou do Velho Cafarinha... para eu contar aos meus amigos lá do meu blogue. Tu não sabes o que é um blogue? Deixa... é uma coisa desinteressante. Um dia eu explico-te se quiseres. 
Sabes, Mãe? O papagaio Jacó morreu. Morreu de frio e de saudade, de ti. Já estava velho... mais de cinquenta anos... Sabes quais foram as suas últimas palavras? "Senhora... olha o Jacó!", como ele sempre te dizia...  Diz-me uma coisa, Mãe: É mesmo verdade que tu conseguiste "conquistar" o Pai com aquele truque de pores uma fitinha colorida no bandolim dele? Ele era um ótimo artista. Eu lembro-me de o ouvir tocar magistralmente num velho bandolim... A concorrência era forte, mas tu conseguiste conquistá-lo! Sim, eu sei que tu eras persistente. Uma lutadora. Deste sempre a cara por aquilo em que acreditavas... e acreditaste na voz do teu coração, não foi? Foi um longa história de Amor...
Sabes...
Pela Mãe-coragem que tu foste...
Pelo Amor e Carinho que semeaste pelo caminho que trilhaste... Tu não eras deste mundo. Tu foste um empréstimo de Deus a nós. Tinhas uma missão e cumpriste-a. Depois ausentaste-te para parte incerta... ou, quem sabe? Apenas te tornaste invisível. Porque o teu espírito continua a sobrevoar-nos.
Parabéns pelo teu aniversário, Mãe!
Foi bom ir ao baú das minhas memórias e revisitar-te, minha Mãe.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

NEGÓCIO DE OCASIÃO

PAÍS SOLARENGO
COM VISTA PARA O MAR

EXCELENTE NEGÓCIO
Informações:
  - Banco Central Europeu (BCE) - Frankfurt
   - Fundo Monetário Internacional (FMI) - Washington
   - Ministério das Finanças - Lisboa
(FINANCIAMENTO NÃO GARANTIDO... POR DIFICULDADES ORÇAMENTAIS...)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A AVÓ ISABEL

Quando eu era piquinino
Nos tempo da minha Avó (Isabel...)
Minha vida tinha coisa
Que agora já de acabou

A casa da Avó Isabel tinha um pátio interior...
A casa da Avó Isabel... e o cão Piloto

    Destacava-se a casa da costura... A Avó Isabel era modista. A única que havia. Procurada por gente de todas as classes sociais. Desde a prima Nogueira uma velhinha madeirense, que sempre conheci velha e encarquilhada... (eu acho que ela já nasceu velha...), que tinha poderes e sabedoria para nos acudir em casos de resolução complicada. Uma espinhela caída... um bucho virado... um entorse. "Carmo quebrado, aberto, desconjuntado..." rezava ela com um raminho de alecrim a aspergir azeite sobre a articulação maltratada (eu era um habitual cliente...). Até a D. Hendrina, uma senhora imponente, de origem sul-africana, tinha pela minha Avó  uma estima muito especial, passando pela classe média, gente da mais diversa proveniência social. Todos iam ter com a Avó... para subir uma baínha... rematar um carcela, chulear uma cava... casear uma casa de botão. E havia as meninas que iam aprender costura. "Ajudantas"... como se dizia! Havia uma de que me recordo particularmente: A Lurdes Costa, pelas historinhas de encantar que nos contava.

    Da casa de costura passava-se para o tal pátio interior - o quintal. Mas antes atravessava-se a "casa das flores". Um espaço onde a Avó tratava das suas plantas. Um telhado de telha vã. À volta uma cerca de madeira. E mil e uma plantas, magnificas. Chuva de Prata... Hortenses... Gladíolos... Lírios. Plantadas em celhas - meios barrís que haviam servido para armazenar vinho, que o Avô João, de seu nome, Sargento do Exército, um porte marcial, a condizer com o seu bigode negro e farto, trazia do quartel. O Avô João faleceu era eu um gaiato. Tenho a imagem dele envolta numa névoa...

    Ao lado, à esquerda do pátio, havia a dispensa. Era uma divisão ampla, de chão de terra batida, cheia de coisas misteriosas... Serras de cortar madeira, enormes, comparadas com o meu tamanho reduzido... Alfaias agrícolas . Uma masseira feita de um tronco gigantesco escavado, onde a Avó amassava um pão magnífico, a que acrescentava uma boa dose de batata doce cozida (à moda da Madeira, terra dos seus pais), que transmitia ao pão um sabor muito peculiar e fazia com que o pão durasse mais tempo. Depois havia um pisão, também feito de um tronco escavado, onde, com um pau luzidio do uso, se reduzia a farinha. o milho e o trigo, em movimentos sincopados, de cima para baixo. E mais... Se transformava em pó o café colhido no "outro lado" (do ribeiro) e torrado numa panelona de ferro fundido de três pés, debaixo da qual se acendia uma fogueira. Esta operação enchia o ar de um intenso cheiro a café.

    Era nesta divisão - a dispensa - que se pendurava e esquartejava o porco... momento de alta intensidade, aguardado por todos com ansiedade. O chouriço... a morcela... os torresmos.... e... e.... os "caezinhos". Os rins do porco que a Avó, sabiamente,também transformava em torresmos e que faziam as delícias dos netos. 
Ao lado da dispensa e sempre com a porta para o pátio, havia a cozinha, com um imenso fogão lenha. Um fumeiro para curar os chouriços e as morcelas. E um forno, onde se cozia o pão... semanalmente e em vésperas de Natal se assava o leitão, com recheio de arroz, sangue e miudezas e uma batata na boca. E também um pão de Natal... com sabor a erva-doce e canela, E muitos, muitos ovos... Esse foi um segredo que a Avó Isabel levou com ela. 

    Nessa cozinha havia uma hierarquia: A Avó Isabel, a tia Belita - A Bel para a Avó - e logo a seguir o Manuel Gunga um cozinheiro alto e imponente que nos amedrontava com a sua voz de trovão.

    Mesmo em frente à cozinha, do outro lado do quintal, havia a casa de jantar. Uma divisão grande, com dois armários muito antigos, os louceiros, onde se guardava a louça que servia na grande festa de Natal... a familia toda reunida à volta da grande mesa, tão grande que eu e o Vitinho - meu primo - a utilizávamos como mesa de "ping-pong". A Avó, a matriarca, na cabeceira, depois por ordem hierárquica, estabelecida pelo grau de parentesco, a restante família. As crianças, eu incluído, ficavam numa outra mesa. Quando se atingia um estatuto que o permitisse, passava-se para a mesa principal. Eu acho que nunca tive esse privilégio...
E na parede sempre omnipresente, no seu poleiro, o papagaio Jacó. 

    O Jacó viveu mais de 50 anos. Morreu de frio, de velhice e certamente de saudade, quando trouxeram para a Europa em pleno Inverno... Tinha uma faculdade - se é que se pode assim chamar! O Jacó "falava" ! Imitava na perfeição a voz das pessoas com quem convivia mais de perto: "Senhora, olha o Jacó!", palrava ele quando a Avó passava. Foram também essas as últimas palavras que o Jacó pronunciou para a minha mãe, que o "herdou", quando morreu numa tarde sombria e gélida, de Inverno...

    ...Mas também era naquele pátio, que em noites de São João se fazia a fogueira. A fogueira de São João! Em devoção ao Santo e principalmente em memória e homenagem ao Tio João. Filho mais velho da Avó. Eu já não conheci o Tio João. Lembro-me dele através das fotografias que me chegaram às mãos.

    Morreu novo o Tio João. Casou com a tia Gaby. Morreu de uma doença  contraída nas suas andanças pelo sertão africano. A "bilharziose" e deixou na Avó, uma mágoa e uma saudade imensa...

    A fogueira era acesa ao por-do-sol. Com rigor absoluto. O sol ia descendo a caminho do ocaso e todos, à volta do madeiro, aguardando pelo momento em que ele desaparecia atrás da linha do horizonte, por detrás da serra, lá para os lados da Senhora do Monte. Então cumpria-se a tradição e o ritual. A chama irrompia. E assim ficava até altas horas da noite. O jantar era servido à volta do fogaréu... 

    Havia algo de mágico e irreal nessa noite... Talvez o espírito do Tio João, sobrevoasse aquela chama...
No outro dia de manhã, antes do nascer do sol, a Avó Isabel levantava-se e tinha um ritual mágico a cumprir: ia colocar nas janelas, raminhos de alecrim e oliveira, benzidos no Domingo de Ramos, que mais tarde usava para afastar as trovoadas. Enquanto a casa se enchia do perfume do alecrim queimado no brasido ela rezava: "Santa Bárbara, Santos Fortes... Santa Mãe, miserere nóbis!"

    E ia apressada, antes que o sol rompesse, espreitar a fonte.  Se conseguisse ver o seu rosto reflectido nas águas, tranquilamente nos dizia: "Filhos, este ano a Avó vai estar viva.".
    A Avó Isabel morreu no ano em que, levantando-se de madrugada, no dia de São João, espreitou na fonte e não se reviu nas águas...

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Encantamento...

...E deve ser mesmo Amor...

aquele sentimento que mexe connosco...
...que nos faz sentir ridículos... infantis... pueris!

...que ora nos embala.. ora nos atormenta!
...que nos faz balançar entre a dor da ausência e a alegria do reencontro...
...entre o chorozinho feliz e a felicidade do sentir.

Essa simbiose perfeita entre dois seres diferentes e que, de repente, quando se encontram pela primeira vez, têm a sensação de estarem, exactamente, à espera um do outro!

...a Partilha... o Feitiço... a Magia... o silêncio cúmplice.

...o embalo de uma canção de ninar, sussurrada ao ouvido ao deitar.

Um beijo soprado...
As palavras não ditas, mas sentidas de sentires tecidos de ternura...

Deve ser mesmo Amor!


CABO VERDE - Nha Cretcheu (meu amor...)

Mãe Cabo-verdiana
Baía do Mindelo
Praia dos Cães - Mindelo
Baía das Gatas - São Vicente
Praia Grande - São Vicente
Praia Grande - São Vicente
Trapiche - Fabrico de Grogue
Alambique -  fabrico de grogue
Fruta Pão - Paul - Santo Antão
Fruta Pão - Paul - Santo Antão
Ribeira Grande - Santo Antão
Ribeira Grande - Santo Antão
Minho? - Paul - Santo Antão
Coculi - Santo Antão
Coculi - Santo Antão

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

VARA-DE-OURO (Solidago virgaurea)

Esta planta quando se cobre de flores amarelas anuncia o fim do Verão.
Muito comum à beira dos caminhos e nos terrenos incultos.
As suas folhas e flores são extremamente perfumadas.
Os relatos mais antigos acerca desta planta datam da Idade Média. Nessa época era muito utilizada para tratar problemas das vias urinárias e também para sarar feridas.
Esta planta contém em si propriedades diuréticas  e anti inflamatórias.
Usa-se no tratamento de infecções gastrointestinais e em gargarejos para aliviar infecções da boca e garganta.

OUTRAS UTILIZAÇÕES: Com as pétalas obtém-se um corante de cor amarela utilizado na industria têxtil artesanal.

PROPAGAÇÃO - Por sementeira no Outono (a germinação leva cerca de 5 meses), ou por estacas na Primavera.