terça-feira, 28 de junho de 2011

PREPARAÇÃO ARTESANAL DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS EM AGRICULTURA BIOLÓGICA

FAÇA A SUA PRÓPRIA CALDA BORDALESA

Entre os nossos agricultores é comum ouvir-se dizer que os produtos fitossanitários, nomeadamente a calda bordalesa, do "antigamente" é que eram bons, porque cada um os elaborava à sua maneira, com o seu toque pessoal, fruto da experiência transmitida de geração em geração. Talvez tivessem razão...
Hoje, não precisamos de ter esses conhecimentos. Numa qualquer prateleira de uma grande superfície comercial, encontramos esses produtos com a mesma facilidade com que dispomos de  uma embalagem de leite. Quanto a mim, mal...
Para os mais tradicionalistas aqui vai a receita para produzirem a sua própria calda bordalesa...

Preparação para 10 L de calda 
1.- 100 gr de sulfato de cobre - dissolver o o cobre previamente num recipiente não metálico, com 2-3 litros de água morna  (a dissolução leva algum tempo). Deixar arrefecer e depois acrescentar água fria  até cerca de 8 L.
2.- 100 gr de cal viva - diluir noutro recipiente em 2 litros de água quente. Deixar arrefecer. 
3.- Agitar bem a cal e deixar assentar um pouco para excluir material mais grosseiro e eventuais impurezas. Preferível decantar para outro recipiente.
4.-  Juntar a água de cal lentamente sobre a solução de sulfato de cobre, mexendo vigorosamente. Quanto mais lentamente se adicionar o leite de cal  à solução de sulfato e mais fortemente se mexer a mistura, melhor será a qualidade da calda obtida (dar tempo suficiente para se processarem as reacções intermédias). Não misturar as caldas concentradas.
5.- verificar a acidez da calda. Para se determinar a quantidade exacta de leite de cal necessária para neutralizar a calda, mergulhe-se uma tira de papel reagente. Quando este atingir a cor vermelha, suspende-se a adição de leite de cal. Em alternativa, pode-se usar uma lâmina de ferro mergulhada durante 3 minutos. Enquanto a lâmina escurecer a calda ainda está ácida.
6.- Completar com água até ao volume de 10 L, mexendo energicamente. Adicionar o mínimo de água possível e apenas para ligeiro acerto. As caldas devem estar já suficientemente diluídas durante a mistura.

Convém ter em atenção o seguinte:
O resultado das adições de sulfato de cobre e de cal viva é uma série de compostos, que vão evoluindo ao longo do tempo, perdendo algumas características e ganhando outras, Por isso deve ser utilizada de imediato ou no prazo máximo de 24 horas.
Para melhor fixação da calda bordalesa à planta pode-se usar um agente molhante. Sabão de potássio, por exemplo, diluído - 100 gramas de sabão para 10 litros de água e acrescentado à calda uma pequena quantidade.
A cal viva deve ser de boa qualidade, com poucas impurezas, em pedra.
A cal  nem sempre reage integralmente com a água, por isso deve ser coberta com água quente. O resíduo final  não deve ser utilizado.
O vasilhame deve ser de madeira ou plástico. Os depósitos metálicos reagem com o sulfato de cobre.
A calda não deve ser aplicada em épocas muito frias, com risco de geadas.

FINALIDADES DA CALDA BORDALESA
A) Tratamentos de Inverno
      - Pomóideas (macieira, pereira) - Doenças: cancros, pedrados.
      - Prunoideas (pessegueiro, damasqueiro, ameixeira) - Doenças: cancros, lepra
B) Tratamentos em vegetação
      - Oliveira - Doenças: gafa
      - Videira - Doenças: míldio, podridão
      - Citrinos - Doenças: míldio. Pragas: Preventiva contra a cochonilha 
      - Hortícolas - Doenças
           Couve: míldio
      - Cocurbitáceas -(abóbora, courgette, melão...), mildio
      - Tomateiro: Mildio, bacterioses.
      - Roseiras: mildío
     

segunda-feira, 6 de junho de 2011

JARDIM INTERIOR - O ÉDEN PERDIDO...

O Jardim do Éden, o paraíso perdido do nosso imaginário ancestral, alguma vez existiu? Esta é uma duvida e uma pergunta intemporal, que tantas vezes se formula. Ou será apenas o desejo do ser humano de transportar para dentro de si a paz e a magia que vislumbra  no desabrochar de uma flor? Talvez o desejo e a  necessidade de nos voltarmos a integrar no seio da nossa Mãe Natureza e assim reassumirmos o nosso papel de actores no  grande Teatro da Criação, deixando sempre a Ela o papel de "ponto"... ou, quem sabe? reassumir a nossa esquecida sabedoria interior.
Quantas vezes ansiamos por largar tudo, correr para a uma praia, para o campo, ou simplesmente descalçarmo-nos e chapinharmos num charco? Sentindo a energia primordial fluir da terra... sentirmo-nos donos de tudo... mar, terra, o longe e a distância, sem precisar ter posse de nada!
A verdade... sentimos saudade de nós próprios, de algo que não conseguimos identificar e concretizar.  Desse Jardim do Éden que afinal existe dentro de cada um de nós mas que, estranhamente,  estiolamos. Da busca desesperada de paz, de regresso à origem, de encontrar o caminho...
Nós somos terra... e em terra nos havemos de tornar. É o principio do retorno. O chamamento da terra!
O Jardim do Éden é um legado ancestral, que foi depositado pela Mãe Natureza na alma de cada homem. Lá está, gravado de forma indelével. Ele é o caminho. Simultaneamente partida e chegada.
De cada vez que olhamos a vida que reflui à nossa volta com os olhos da alma... estamos a caminhar ao encontro do nosso Jardim do Éden... do nosso Jardim Interior