sábado, 18 de abril de 2015

PLANTAS QUE CURAM PLANTAS - O ALHO

O Alho é uma planta multifacetada. Medicinal, condimentar, aromática, E também insecticida, fungicida e acaricida, usada em Agricultura Biológica, no combate de pragas e doenças das plantas.
O principio activo do Alho é a alicina, que se forma quando é esmagado. Esta substância é  responsável pelo seu cheiro característico. A alicina rapidamente se transforma em outros compostos sulfúricos, com as tais propriedades propriedades atrás referidas atrás.

O ALHO COMO INSECTICIDA, FUNGICIDA E ACARICIDA.

DECOCÇÃO:
Submergir 100 gramas de alho picado em 1 litro de água, levar ao lume e deixar ferver. Desligar e deixar em infusão durante uma hora. Deixar arrefecer.
Utilizar puro, em rega directa, na prevenção de  doenças de origem fúngica como é o caso do Pé
Negro (Pythium debaryanum), uma doença que ataca inúmeras hortícolas, aliás o género  de fungo Pythium tem diversas variedades que atacam as raízes alterando a sua coloração (de castanho claro até castanho escuro), atingindo gradualmente toda a planta, acabando por
provocar a sua morte.
Feijoeiro atacado por Pythium
Raiz acastanhada de planta atacada por Pythium
Se a solução acima referida for aplicada sem diluição, por pulverização é eficaz na prevenção da Lepra do Pessegueiro (Taphrina deformanse), com a primeira aplicação a ser feita na queda da folha, no Outono e depois 3 ou 4 aplicações periódicas até ao surgimento dos gomos florais. Também é eficaz no tratamento da  Podridão Cinzenta do Morangueiro (Botritis cinerea)
Pessegueiro atacado por Lepra

Podridão Cinzenta do Morangueiro



MACERAÇÃO OLEOSA:
Picar 100 gramas de Alho, pôr em maceração durante 12 horas em 2 colheres de sopa de óleo de Linhaça. Filtrar e acrescentar 1 litro de água. Deixar repousar durante uma semana. Diluir a 5% (5 litros de produto em 100 litros de água ou a proporção correspondente) e pulverizar. 
É eficaz contra pulgões e ácaros. Repele animais herbívoros que se se alimentam das plantas.

sábado, 14 de março de 2015

ESTRANHO, ADMIRÁVEL, MÁGICO, MAL-CHEIROSO... O ALHO!

Dá-se pelo nome científico de Allium sativum.  É aparentado com a Cebola e com o Cebolinho. Ninguém lhe conhece a origem exacta, contudo, crêem os estudiosos que terá a sua origem na Ásia, tendo sido daí levado para o Egipto e a seguir para a Europa. Também há quem diga que surgiu na Sicília, Sul da Itália, o único lugar do mundo onde o Alho nasce espontaneamente.
"Alho" é uma palavra de origem celta, all. que significa picante, acre.
O Alho é usado desde a mais remota antiguidade, não tanto como alimento propriamente dito, mas mais como condimento. Da sua utilidade como tempero já tudo foi dito. Não iria acrescentar nada de novo. No que respeita às suas virtudes como planta medicinal, também pouco mais há a dizer.
No entanto, esta planta ainda nos pode surpreender quando nos debruçamos sobre a sua história desde a antiguidade até aos nossos dias.
Desde sempre, o Alho esteve presente na vida das comunidades humanas, não só como componente importante na sua dieta alimentar, como remédio,  mas também como instrumento de práticas religiosas em que se confundem rituais satânicos e superstição.
Todos os males para os quais a medicina tradicional não encontrava cura, entravam no conceito de doenças mágicas, provocadas por castigo divino ou intervenção do demónio e aí era a área de acção do curandeiro, do exorcista, do feiticeiro. 
Uma das práticas mágicas mais temidas pelos homens é, sem dúvida, o feitiço. O seu rasto pode ser seguido desde os alvores da humanidade até aos nossos dias. O feiticeiro ancestral ou Maleficus, tinha ao seu dispor todo um arsenal de ingredientes, roupas, cabelos, unhas, etc do paciente. Para potenciar os efeitos da prática, o feiticeiro usava aquilo que se designa por "amuletos verdes", produtos de origem vegetal, entre os quais o Alho assumia papel relevante como planta protectora contra qualquer maldição.
Colher 7 alhos, prende-los com um barbante e usá-los pendurados ao pescoço durante 7 sábados, era garantia de protecção vitalícia, contra o mau-olhado, a inveja e a amarração. Uma espécie de "seguro de vida"... Os marinheiros usavam-no, quando embarcados, para se protegerem das tempestades. Também os soldados da Idade Média o levavam consigo quando iam para o campo de batalha, na crença de que a sua coragem e força aumentariam.  À porta das casas era comum verem-se molhos de cabeças de Alho quando se pretendia afastar visitas indesejadas, o mau-olhado e a inveja. 
No domínio do terror, atribui-se ao Alho a capacidade de afastar os vampiros. Diz a lenda que a um vampiro decapitado se devia encher a boca de Alho pisado. Na cultura dos povos eslavos esta planta era usada para identificar vampiros. Nas igrejas, quem se recusasse a comer um dente de Alho era possuído do demónio,  pela certa. Quem não se lembra dos filmes terríveis do Conde Drácula...
No antigo Egipto era possível comprar-se um escravo saudável com 7 quilogramas de Alho. 
Já no plano das mezinhas, era crença que o Alho protegia da hepatite. Para tanto bastava pendurar ao pescoço, em um barbante, 13 dentes de Alho durante 13 dias. Ao décimo terceiro dia, num cruzamento, tirava-se o colar do pescoço, jogava-se para trás e fugia-se desalmadamente sem olhar para a retaguarda...
Nero, imperador de Roma, era um compulsivo consumidor de Alho crú com  o objectivo de melhorar os seus supostos dotes oratórios. 
No nosso Alentejo, em certas zonas rurais, há um antigo remédio popular contra a a constipação, que consiste em moer alguns dentes  de Alho e colocá-los numa bolsinha de pano à cintura, a que se dá o nome de "boneca de Alho".
Contudo, a ingestão desta planta, tem o inconveniente do desagradável cheiro que liberta. Por decreto real, Afonso XIV de Castela, proibiu as pessoas que tivessem comido Alho de se aproximarem dele, devido ao odor no hálito e no corpo. Também Shakespeare recomendou aos seus actores que deviam evitar este condimento para não desagradar à plateia...
Nos Estados Unidos há restaurantes que usam apenas o Alho como condimento. É o caso do badalado The Stinking Rose, literalmente "A Rosa Fedida", ou mal-cheirosa... Só neste estabelecimento são consumidos mais de uma tonelada de Alho por mês.
Para terminar esta prosa que já vai longa, só uma breve referência a um parente da família dos Alhos: O Alho-Porro ou Alho-Francês. Allium porrum. dizem os botânicos. Usado nos festejos da noite de S. João, na portuguesíssima cidade do Porto. Segundo o historiados Germano Silva, o seu uso protege os utilizadores dos males de inveja e mau-olhado...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

UM SOPRO DE VIDA





"É tão bom ser pequenino
Ter Pai. ter Mãe, ter Avós.
Ter esperança no destino
E ter quem goste de nós."


Descobri esta esta velha fotografia, com perto de 70 anos no baú das minhas memórias.
Nela está o meu Pai com os 3 filhos. A Lena de cabelos pretos, a Milucha franzina... e eu sentado ao colo dele. Ao olhar para ela, deixei-me invadir por uma saudade imensa. Senti-me reportado para um passado longínquo que já não volta mais. 
O meu Pai, Homem bom,  já partiu. A Milucha, minha companheira de aventuras, também. Este é um daqueles momentos de um frio tão cortante, tão vazio, de um insuperável sentimento de perda, que me assombra.
Tantos anos se passaram e agora, no Outono da vida, velho e cansado, penso que a perda é o lado da vida que se não pode negociar. É o momento em que aprendemos, incondicionalmente, que nenhum poder temos sobre as coisas que alguma vez pensávamos controlar. 
Afinal, pelo terrível triunfo da partida, pela mágoa da ausência, pelos sonhos que se não cumpriram e, se alguma coisa pode servir de lenitivo, ao olhar para estas pessoas e para este tempo, é sentir que sim, pelo menos uma vez, por ter partilhado estas vidas,  confesso que fui feliz!