sexta-feira, 30 de julho de 2010

MURTA (Myrtus communis)

Arbusto sempre-verde e muito rústico. Encontramo-lo em zonas de mato e  em encostas de solo pobre. 
Chega a atingir os 5 metros de altura no seu meio natural.  As suas flores brancas e perfumadas despontam inicio da Primavera. O seu fruto é uma baga preto-azulada. As folhas são extremamente aromáticas.
É uma planta medicinal. O óleo essencial extraído das bagas aplicado externamente alivia o acne. A infusão feita das folhas da murta usa-se no tratamento das infecções urinárias. O seu chá trata problemas respiratórios e inflamações nas gengivas.
Em cosmética usa-se na preparação de perfumes e outros produtos cosméticos.
Na cozinha, as suas folhas são um excelente substituto do louro. As bagas secas e transformadas em pó condimentam carne grelhada, transmitindo-lhe o sabor forte da gastronomia mediterrânica. Também podem ser utilizadas em molhos.
Em zonas rurais da Sardenha e Itália, os alimentos são condimentados com o fumo de murta.
A propagação desta planta faz-se de duas maneiras:
   - Por estacas caulinares //  Por sementes no inicio da Primavera
CURIOSIDADE - Os monges Arrabidinos que construíram em 1542 o denominado Convento da Arrábida, fabricavam um licor o "Arrabidino" por infusão alcoólica dos frutos (bagas) da murta, os "murtinhos". 
Mas os "murtinhos" não se ficaram por aqui.  Em Dezembro de 2001, foram levados para os espaço a bordo do Vaivém Espacial Endeavour. O objectivo era fazer testes de germinação com sementes de plantas nativas de vários países.
Na mitologia grega a murta era considerada a Planta do Amor e dedicada a Vénus. As noivas eram adornadas com flores de murta. Por essa razão é conhecida, em determinadas regiões, como "murta de noiva".

quinta-feira, 29 de julho de 2010

RUBDÉQUIA (Echinacea purpurea)

 A Equinácea ou Rubdéquia é uma planta originária da América do Norte. Os índios norte-americanos usavam-na para combater as infecções e para o tratamento das mordeduras de cobras. É uma planta vivaz. Apresenta vistosas flores de cor púrpura que desabrocham entre Maio e Agosto. A disposição das pétalas faz lembrar o malmequer, com um disco central de cor acastanhada. Coça a ser conhecida e apreciada como planta decorativa.
Toda a planta tem propriedades medicinais
É antibacteriana e antívirica. Purifica o sangue e melhora o sistema imunitário.  Um decocção feita com o suco das flores a acelera a cicatrização de pequenas feridas e queimaduras.  É eficaz na cura de constipações e afecções das vias respiratórias.
A propagação desta planta é feita por semente no inicio da Primavera ou por divisão da planta no período de dormência no Inverno ou ainda por partes (estacas) da raiz no final do Inverno ou inicio da Primavera.
Vale a pena cultivar esta planta nem que seja só pela sua beleza estranha...

terça-feira, 27 de julho de 2010

A HISTÓRIA DE NIKE - Não podemos ignorar...

O Nike tinha um  lar. Não sei se bom, se mau. Se cumpria ou nãoo a sua função de protecção e aconchego. Eu sempre conheci o Nike naquela casa. Sempre o tive como um bom companheiro e um bom amigo de crianças e adultos. Simpático e acolhedor para os visitantes. Via-o muitas vezes assomar ao portão e esgueirar-se sorrateiramente para a rua e acompanhar as correrias descuidadas das crianças que com ele partilhavam o espaço familiar. Mas se aquela casa foi bom porto para crianças e adultos, não foi certamente para aquele simpático cachorro. Porque um dia o Nike foi expulso de casa. Justificação válida, nenhuma. Foi escorraçado porque sim e pronto!
Há dois anos que o Nike vive na rua. Estranhamente nunca se afastou da casa que foi o seu lar durante anos e sempre continua a manifestar alegria quando se cruza com os que o escorraçaram. Que lição de nobreza! Sobrevive à custa de esmolas, com o que lhe dão, quando lhe dão. Restos de lixo... Sofre o frio e a chuva do Inverno e a sede na canícula do Verão.
Está velho e doente, que a vida foi madrasta. Carente de um carinho e de um afago de criança... o seu destino parece traçado.  Talvez "adormecer" para sempre num acto de misericórdia.  que ele é filho de um Deus menor... A menos que encontre, com urgência, um lar que o acolha, que ele é dócil e bom companheiro. Nada pede em troca... apenas Amor e um pouco de nada, que a vida e os homens ensinaram-no a viver com pouco... 


                                                                                                 

sexta-feira, 23 de julho de 2010

GENTE DA MINHA TERRA

JOSÉ ANTÓNIO SALGUEIRO
Mestre Zé Salgueiro...
Aguadeiro, vendedor de sardinha, agricultor e ceifeiro. Sapateiro e poeta popular...
Finalmente e definitivamente, aos 50 anos, dedica-se de corpo e alma à sua paixão maior: As plantas medicinais.
Como mestra, teve a sua mãe, que desde cedo o ensinou a descobrir e a identificar as ervas num tempo em que a figura do médico de aldeia era quase ausente do meio rural português. Nesses tempos difíceis, valia ao povo rural, o conhecimento, transmitido boca-em-boca, de geração em geração, dos virtuosos sabedores das preparações de mezinhas que constituíam uma verdadeira "farmácia verde" de tempo idos.
Muito aprendeu, Mestre Salgueiro, com pastores, ceifeiros, barbeiros, pastores,  artífices de profissões mil... Mas aprendeu também por si. Numa aprendizagem de longa experiência feita.
Com a simplicidade feita de saber acumulado ao longo dos anos longos da sua vida - 90 anos! Sente-se nele o prazer genuíno de quem nada quer para si, antes, nos transmite aquilo que sabe. Cardos e alcachofras, rosmaninhos e beldroegas. Acelgas, poejos, hipericões, coentros e hortelãs. A atabúa e o alecrim-... Em Montemor-o-Novo. Vale a pena conhecer a sua obra.

          Ecce Homo... Eis o o Homem! Gente da minha Terra...

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quinta-feira, 22 de julho de 2010

CONSULTÓRIO DO VIDENTE - Regras pra bem-viver...

COISAS QUE ATRAEM A SORTE OU A MÁ SORTE


PÃO
Jamais pouse o pão de pernas para o ar porque trás infelicidade.

VASSOURA
Nunca varra o lixo directamente para a rua. Está a varrer a sorte.

CASAMENTO
Nunca case a uma Sexta-Feira ou no mês de Maio! Dá azar. Case em Junho!
O noivo deve levar para a cerimónia três pedras de sal no bolso esquerdo. Dá sorte!

FACAS
Nunca ofereça facas a ninguém. Se o fizer tem de oferecer uma moeda em troca. caso contrário está a deitar fora a sua felicidade.

TESOURAS
Nunca deixe uma tesoura aberta. Lembre-se: é a tesoura que corta o fio à vida. 
Se deixar cair uma tesoura e as pontas se cravarem no chão, é um péssimo presságio.

GATOS
Cruzar com um gato preto só dá azar se isso acontecer numa encruzilhada.
Se um gato preto lhe aparecer à porta de casa, não hesite em adoptá-lo. Começará aí um novo e bom ciclo da sua vida!

GUARDA-CHUVA
Nunca abra um guarda-chuva em casa. Atrai má sorte.

ESPELHOS
Quebrar um espelho dá direito a sete anos de azar.

EXCREMENTOS
Pisar excrementos inadvertidamente trar-lhe-à sorte se o tiver feito com o pé esquerdo.
É MAU:
Beber água à meia noite: a água está a dormir. Agite-a um pouco.
Sonhar com galinhas ou que está a partir ovos.
Comprar um porco e fazê-lo entrar na pocilga de cabeça para a frente.
Varrer a casa durante a noite.
Não ter atrás da porta um par de chavelhos (cornos) de carneiro. Protegem os residentes.
Oferecer lenços de algibeira
Pisar sal.

Crendices populares? Talvez sejam... ou talvez não! Há que respeitá-las...


quarta-feira, 21 de julho de 2010

PROJECTO "ESCOLA VERDE" -ESCOLA SECUNDÁRIA DR. JOSÉ AFONSO - SEIXAL

O Projecto ''Escola Verde'' foi pensado pelos alunos e professora Maria Sobrinho, (por detrás de grandes alunos está sempre uma Grande Professora...) da Área não Disciplinar - Área de Projecto na Turma C do 7º Ano. Na sua génese, a ideia era criar nos alunos o "o gosto pela terra". Foi-me lançado um repto no sentido de ajudar à concretização desta ideia. Nada estava feito. Apenas a vontade de fazer...  Ajudas e apoios externos e internos... nada! E começou-se exactamente pelo principio. Até o financiamento inicial foi conseguido pelos alunos! Eis o resultado...

Resta acrescentar que muito - a quase totalidade - do que foi feito... foi feito fora das horas lectivas, em regime de voluntariado, pela professora e principalmente pelos alunos. Eles sim! Os grandes heróis deste projecto. 
É só um pequeno passo. Se nos deixarem... outros se seguirão.
E já que estamos em época de penúria, fica aqui um apelo e um estender de mão - não me levem a mal... AJUDAS... PRECISAM-SE! (De fora e já agora... de dentro da Escola também.)

terça-feira, 20 de julho de 2010

PERILA ROXA (Perilla frutescens var.purpurascens)




 
 A Perila é uma das poucas plantas aromáticas usadas na gastronomia japonesa. As suas folhas enquanto novas sabem a cominhos e têm um leve travo a anis e canela. São óptimas em saladas. Também se usam para envolver o arroz, servindo de acompanhamento a saladas ou tempura. As suas pequenas sementes, muito aromáticas, usam-se como condimento em pratos de carne e peixe. A flor, mais doce que o açúcar, é muito usada na confeitaria japonesa.
Muito fácil de propagar por semente no inicio da Primavera. Em condições ideais a semente caída num solo rico, brota com toda a facilidade.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

PLANTAS QUE CURAM PLANTAS - Parte 3


HERA (Hedera helix)
Propriedades: A hera é insectifuga e insecticida contra a mosca branca, piolhos e pulgões. Contra os dois últimos o seu efeito pode ser potenciado se a cada litro de extracto já diluído acrescentarmos dois decilitros de óleo vegetal (amendoim, girassol...).
Emprego:
    Extracto fermentado: 1 kg de folhas esmagadas para 10 lts de água. Vigiar a fermentação porque as folhas da hera são muito ricas em substâncias saponáceas que produzem uma espuma abundante, que nada tem a ver com as bolhas que se libertam durante a fermentação. Diluir a 5%  (1/2 lt de extracto para 10 lts de água). Pulverizar as folhas a alta pressão.
Obs.: Este extracto fermentado é tóxico, provocando reacções alérgicas. Deve ser manuseado com cuidado.

POR ESTE RIO ACIMA

Falua no Rio Tejo - Seixal
                                                         
Fim de tarde no Rio Tejo - Montijo
                               

Fim de tarde no Rio Tejo - Montijo
                                
Carrasqueira - Rio Sado
                                

Espelho d'Água - Rio Tejo - Baía do Seixal
                       

Manhã de Nevoeiro - Rio Tejo - Baía do Seixal
                       

segunda-feira, 12 de julho de 2010

O CONSULTÓRIO DO VIDENTE

MEZINHAS, BENZEDURAS E PANACEIAS

Destina-se este espaço à consulta de quem precisa de auxílio para todo o tipo de males, angaranhos e más sortes. Aqui encontrará rezas e defumadouros. Prognósticos e adivinhações. Cataplasmas, compressas e vapores...

BENZER DO QUEBRANTO
(Para males de inveja e dores de cabeça)
O quebranto é um estado de angústia, de dores de cabeça e tremeduras de frio, após o encontro com alguém suspeito de deitar mau olhado.
Se é do coração, tira-te São João,
Se é do pé, tira-te São José,
Se é do corpo todo, tira-te Deus que tem o poder todo.
Em louvor de Santa Maria, um Padre-Nosso e uma Avé Maria.

No Sul do País, a respeito do quebranto, canta-se uma quadra em tom jocoso:
Todo o homem que se casa
Deve ter um pau ao canto,
Para benzer a mulher,
Quando lhe der o quebranto...

REZA DAS LOMBRIGAS 
(Para acabar com o mal das lombrigas)
Eu te atalho bicha,
Da cabeça ao rabo,
Se tens boca não me comas,
Se tens dentes não me mordas,
Assim como sal se derrete na água fria,
Assim te derretas com um Padre-Nosso e uma Avé-Maria.

A minha Avó Isabel era muito mais pragmática e prática para acabar com as lombrigas que atormentavam os netos. Querem saber como?
Pois bem. utilizando a Erva-de-Santa-Maria ou Erva das Lombrigas (Chenopodium ambrosiodes). Esmagava uma quantas folhas tenras, com elas fazia uma pequena rolha - tipo supositório - e a seguir introduzia o dito cujo no anus do queixoso. Acho que funcionava mesmo...

REZA DOS SOLUÇOS
Soluço vai
Soluço vem
Merda para quem o tem.

INSOLADOS E ALUADOS 
(Para retirar os efeitos negativos do Sol e da Lua. Borrifa-se a cabeça com água)
O Sol é luz,
O Sol é claridade,
São três as pessoas da Santíssima Trindade.
O Sol nasce no nascente,
E põe-se no poente.
Assim como isto é verdade
Vá-se esse mal daqui para fora
Para sempre.

ORAÇÃO DAS TROVOADAS
(Dizer quinze vezes esta reza)
Senhora da Conceição, Senhora da Conceição.
Livra-nos da Trovoada, que é chegada a ocasião.
Que Deus a leve para Bem longe.
Onde não haja eira nem beira. 
Nem folhinhas de figueira, nem alma cristã
Nem guedelha de lã
Nem vacas com bezerrinho
Nem flor de rosmaninho

As mezinhas e as benzeduras são conhecimentos adquiridos ao longo dos tempos. Uma herança ancestral transmitida - quase sempre de forma oral -  de geração em geração.

                                                                                              Continua...........

  

sexta-feira, 9 de julho de 2010

PLANTAS QUE CURAM PLANTAS - AS ROSAS ADORAM OS ALHOS

EXTRACTOS VEGETAIS FERMENTADOS
Que água empregar: De preferência água da chuva. A água da rede pública é rica em cloro, um potente desinfectante que empobrece os extractos. A solução é colocar a água durante 2 ou 3 dias num recipiente e remexê-la periodicamente.
Em que recipiente: Sobre-dimensionado, ou seja, por exemplo, capacidade de 15 litros para preparar 10 litros de extracto. De plástico em vez de madeira (cubas usadas para fazer vinho). Os bidons de plástico opaco com tampa larga de roscar, mas não estanque, servem perfeitamente.
Controlar a fermentação: Quanto mais alta a temperatura ambiente, mais rapidamente se desencadeia a fermentação. A fermentação é acompanhada da produção de pequenas bolhas. Quando estas cessam podemos concluir que o nosso extracto está pronto. Um outro indicador é obtido quando colocamos entre os dedos um pedaço da planta e após fricção apenas restarem as nervuras.
A fermentação deve ser realizada em local abrigado, uma cave (desde que não seja demasiado fria), uma garagem ou um simples telheiro, servem perfeitamente.
Terminada a fermentação devem os restos da planta macerada serem retirados e colocados, por exemplo, na pilha de compostagem. Esta operação deve ser realizada no prazo máximo de 2 dias, porque é nesse tempo limite que o produto final passa da fase da fermentação para a putrefacção, com a libertação de odores desagradáveis. (há alguns macerados - urtiga ou o tártago, por exemplo - que libertam esses odores antes da putrefacção).
Filtragem: Eu filtro finamente, utilizando um "collant " de senhora... se a ideia é utilizar o extracto para pulverização. Se pretender, usar o extracto como bionutriente, não tenho tanta preocupação na filtração.
Armazenagem: Em recipientes de plástico, por exemplo. Por vezes a fermentação reactiva-se pelo aumento da temperatura ambiente, no Verão. Isso constata-se com o inchamento do recipiente. Nessa situação a situação resolve-se com uma simples abertura da tampa, para libertação do gás produzido.
Duração da conservação: Não mais que 1 ano. As propriedades do extracto vão-se perdendo progressivamente. Contudo, extractos obtidos de certas plantas com componentes mais minerais, caso da Cavalinha (rica em sílica) conservam-se facilmente durante alguns anos sem problemas.
Aspectos gerais: As plantas a serem maceradas devem ser ligeiramente esmagadas para mais facilmente libertarem os seus princípios activos.
Deve-se revolver o extracto regularmente durante a fermentação.
Para que as plantas a serem maceradas fiquem inteiramente cobertas pela água é aconselhável colocar-se um peso - uma pedra por exemplo - sobre elas.
Algumas plantas - caso da Hera - ricas em em substancias saponáceas, durante a fermentação libertam uma espuma abundante. Não deve ser confundida com as bolhas produzidas pela fermentação.

.........Há-de continuar.........................................................................................

quinta-feira, 8 de julho de 2010

PLANTAS QUE CURAM PLANTAS - AS CENOURAS AMAM OS TOMATES

Plantas para curar plantas, na Natureza a resposta...

As plantas que embelezam a paisagem também cuidam do nosso corpo e espírito. E também cuidam umas das outras como boas companheiras.
O homem primitivo desde cedo aprendeu a lançar mão dos recursos que a Natureza colocou ao seu dispor, porque estava mais ligado aos elementos. Havia como que uma secreta aliança Homem/ Natureza.
A magia e o mistério da plantação consociada desde sempre intrigou e fascinou o Homem. Plantas que se ajudam mutuamente no crescimento, que repelem insectos indesejáveis ou até outras plantas. Por exemplo, um grande inimigo da cenoura é a mosca da cenoura, enquanto que o alho-porro é atacado pela mosca da cebola e pela mosca do alho-porro. No entanto, quando se consociam estas duas plantas, os cheiros fortes e diferentes das duas, repelem imediatamente os insectos que nem sequer se atrevem a por os ovos nas plantas próximas. A consociação de plantas não é magia, mas sim um método simples e prático de resolução de problemas que surgem na construção de uma horta ou jardim. Isto sabe-se desde os primórdios da Agricultura.
Já os Indios americanos misturavam nas suas culturas o milho e os pepinos. No século XIX, os agricultores holandeses plantavam uma bordadura de cânhamo em torno de de um campo de couves para afastar a borboleta da couve. Se observarmos a Natureza, algo de semelhante se passa de forma espontânea. Uma árvore de grande dimensão serve de tutor a uma trepadeira. A mesma árvore fornece sombra a plantinhas sensíveis à luz solar directa. Mas todas elas, em associação, vão contribuir para a fertilização do solo através da decomposição das suas partes mortas, folhas, flores, ramos secos. Na nossa Mãe-Natureza nada se perde. Tudo se transforma...
Alguém disse que não há plantas daninhas. Há plantas para as quais ainda se não encontrou utilidade...
Pois bem, vivemos rodeados de plantas que são, potencialmente, autênticas "Farmácias Verdes". Eis algumas...

- Feto (Pteridium aquilinum)
- Hera (Hedera helix)
- Alfazema (Lavandula officinalis)
- Urtiga (Urtica dioica)
- Erva Cidreira (Melissa officinalis)
- Hortelã-Pimenta (Mentha piperita)
- Cavalinha (Equisetum arvense)
- Arruda ( Ruta graveolens)
- Sabugueiro (Sambucus nigra)

(continua...)

quarta-feira, 7 de julho de 2010

HISSOPO ANISADO (Agastache foeniculum)


Uma planta maravilhosa! Espigas longas e erectas de flores com uma tonalidade azul-lilás. Floresce no Verão atraindo borboletas e abelhas (melífera). Folhas ovais, de rebordo dentado, com um suave aroma a anis e menta.
É originária da América do Norte. As suas propriedades medicinais e curativas já eram conhecidas dos Índios.
As suas folhas e flores, enquanto jovens,emprestam um suave e original sabor a anis e menta a pratos de de peixe e frango. Também podem ser usadas em saladas de fruta ou ainda numa agradável infusão.
Medicinal. Emprega-se no tratamento da tosse e constipações.
Muito fácil de propagar por semente no início da Primavera. Em mini-estufa a uma temperatura de cerca de 20ºC.. Ou então, se o tempo for de feição, directamente no solo no fim da Primavera, desde que a temperatura durante a noite não seja inferior a 10ºC.
Pelo seu porte erecto e atraente, é uma planta que vale a pena cultivar, nem que seja só para admirar. Vale a pena...

terça-feira, 6 de julho de 2010

A HORA DO LOBO

Quando eu era piquinino...
Nos tempo di meu avô
Minha Terra tinha coisa
Qui agora já si acabou.

Começava assim uma canção da minha infância que eu ouvia cantar, sentado à fogueira do acampamento, quando acompanhava o meu pai nas suas deambulações pelo sertão.
Naquelas paragens o sol desaparecia rapidamente, deixando atrás de si laivos de fogo que incendiavam o poente. As nuvens interpunham-se entre os últimos revérberos do sol e a terra, deixando no ar tonalidades inesperadas de um amarelo indefinido. A noite aproximava-se com rapidez. Do lado oposto ao ocaso fulgurante do sol, surgiam , de quando em vez, dentre as nuvens escuras, traços repentinos de electricidade. A trovoada habitual anunciava-se de maneira feroz. Era a hora do lobo... como dizia o meu pai. Na verdade, havia algo de mágico e fantasmagórico naquele momento de transição do dia para a noite.
Nos trópicos a noite cai de repente, como o pano após a última cena de um drama arrepiante.
De roda do fogaréu, os homens acocoravam-se à espera da hora do jantar. Era a hora da nostalgia... a família distante.
Miríades de insectos, atraídos pela luz bruxuleante do fogo, pejavam o espaço, atraindo, por sua vez, uma legião de estranhos seres. Os morcegos...
"Morcego... Morcego... vem à cana que tem sebo..." gritava eu, empunhando uma cana que fazia revolutear em redor, na esperança de acertar nalgum morcego! E não é que às vezes acertava mesmo?

HORTELÃ VIETNAMITA (Persicária odorata)

Esta planta, como o nome indica, é originária do Vietname. Foi levada pelo refugiados vietnamitas dara a Austrália e daí para a Europa.
É uma planta muito interessante. As suas folhas jovens têm um leve sabor a coentros. Mais tarde sabem a limão.
As folhas de um verde intenso e brilhante, quando saudáveis, apresentam uma marca castanha em forma de "V" junto à base.
Muito importante na gastronomia vietnamita, é utilizada em sopas à base de vegetais, como condimentar de mariscos ou carnes e legumes.
Muito sensível às geadas, quando a temperatura for inferior a 5º deve ser cobertura com manta térmica. Também não suporta temperaturas muito elevadas - as do interior do Alentejo por exemplo - sendo necessário cobri-la com rede de sombra de forma a proporcionar um ambiente de quase penumbra.
Em condições ideais de solo - bem drenado e com rega moderada - é uma invasora...
Muito fácil de propagar. Eu utilizo dois métodos: Cortando estacas no início da Primavera e mergulhando-as em água até enraizarem, dispondo-as em seguida em vaso até atingirem um desenvolvimento que permita estabelecerem-se definitivamente no solo.
Um outro método é por mergulhia, ou seja, procurando um lançamento robusto e comprido, mergulha-se na terra uma parte que contenha um nó - é do nó que surgem as raízes - rapidamente estará enraizada, pronta para ser seccionada, colocada num vaso e daí para o solo definitivamente.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

ROSMANINHO AFRICANO (Eriocephalus africanus)


A primeira vez que vi esta planta foi no Parque da Paz em Almada. Em Dezembro. Chamou-me a atenção a sua floração magnifica e estranha. Pequenas pétalas brancas com um interior acastanhado. As folhas com um perfume maravilhoso. Mais tarde as sementes surgiram semelhantes a pequenos flocos de neve. A sua origem, viria a saber, era a África do Sul. O seu nome local "kapokbos", deriva da expressão africander, "kapok" - neve - uma referencia às sementes realmente semelhantes a pequenos pedaços de neve.
Esta planta tem uma resistência extraordinária à seca. Se observarmos atentamente as folhas são cobertas de pelos levemente prateados, reflectem a luz solar, reduzindo a temperatura. Coisas da nossa Mãe-Natureza...
Muito fácil de propagar por estaca, no final da Primavera.
Medicinal, usa-se no tratamento de tosses e constipações. Se juntarmos uma infusão à água do banho teremos um magnifico relaxante. Se mergulharmos os pés em água com folhas de Rosmaninho Africano isso aliviará o inchaço das pernas
Vale a pena ter esta planta no quintal...

UMA HISTÓRIA DE AMOR


Hoje vou falar-vos de Amor... mas de um amor diferente.
Vou falar-vos do meu amor às plantas...
Vai ser uma conversa necessariamente intimista... mas sem biombo.
No fundo um amor à terra e às gentes...
As minhas frágeis plantinhas foram para mim, um caso de amor à primeira vista. As árvores, não. São mais esquivas. Mas quando aceitam o meu amor, é amor para toda a vida! Travo com elas um relacionamento de respeito e admiração. Nas minhas horas de pasmo, nos abrasados plainos alentejanos, dou comigo a olhar para as velhas oliveiras e azinheiras de idade quase cósmica e fico a pensar e também a contemplar a sua admirável capacidade de sofrimento. Árvores grotescas, atormentadas pela sede, que assentam no chão uma patorra disforme e estendem para os céus braços desvairados de divindade hindu!
Penso nos homens que as plantaram. Algumas há séculos. Quem as lançou à terra, naquele instante telúrico, certamente teria que ter uma noção, um sentimento de imortalidade quase divina.
Mas deixem-me contar-vos uma pequena e inocente história que está na génese da minha paixão pelas plantas mágicas.
Quis a fortuna que eu tivesse uma infância, também ela, mágica...
Entre duendes, feiticeiros aromas e perfumes... Uma velha casa com
flores nas janelas como que fora feita para eu morar nela, cheia de recantos e sombras e cheiros das casas que têm alma e história. Ao fundo um ribeiro manso, saltitante, alegre e atrevido. Bordejado por margens cobertas de erva verde e fresca. Eu, um petiz de calções, qual pardalito enfezado, mal chegava da escola, ao fim da tarde morna, descalço - sim... porque nesse tempo se ia descalço para a escola, que os tempos eram de pobreza... atirada a sacola dos livros para um canto, corria desaustinadamente até aquele regato de água límpida e convidativa... e lá chapinhava encharcando-me todo, enquanto ouvia a minha velha mãe: Joãozinho... filho! Ai o raio do gaiato que nunca mais tem tino!
Depois... seguia-se um estranho ritual. Saía da água, a escorrer e deitava-me na erva fresca, cabeça enterrada no verde... e deixa-me envolver, longamente, por um perfumezinho suave, um aroma subtil e ao mesmo tempo envolv
ente de um plantinha que nunca consegui identificar! E ali ficava, como que anestesiado... longos tempos até a noite cair e ouvir de novo a voz da minha mãe: Filho... vem para casa que já é tarde!
Os baldões da vida ou os azares da fortuna fizeram-me perder para sempre a minha velha casa e aquele regato menino e os sonhos da minha infância... mas não me fizeram esquecer o perfume daquela planta mágica, que eu nunca consegui encontrar e que busco até hoje...

PÓRTICO

Talvez valha a pena...

Partilhar experiências, vivências, horas de pasmo, reflexões...
Dizer que me extasio com a vida que reflui lá fora, para além da solidão doce do tempo em que vivo...
Ser insignificante actor no palco da Vida, nessa magnífica peça que é o milagre do renascer em cada manhã...

E também...

Dizer que o cheiro a terra molhada pela chuva miudinha, que me deixa construir um jardim, com sulcos de vento, bordado de tomilhos e madressilvas, salpicado de lírios, heras e pensamentos, fez de mim o homem que sou, na minha grandeza e misérias, irmão de todos os Homens.

...porque as palavras ainda não perderam o seu sentido e a sua força, nem o mundo próximo que nos rodeia deixou de precisar de as ouvir...

Quem sabe... valha a pena.