Em Julho de 2010, contei, neste mesmo blogue a história de um cão - o Nike - que havia sido expulso da sua casa de sempre, pelos seus donos. Razão para esse acto? Nenhuma... apenas porque sim!
O Nike vivia do que lhe davam- quando lhe davam... Sofreu com as inclemências do frio no Inverno e com a canícula do sol no Verão. Sobrevivia de esmolas, do que lhe davam. Nunca se queixou, nunca reclamou, que a vida para ele havia sido sempre madrasta. E quem sofre os efeitos de um abandono depressa aprende a viver com pouco. A dar valor às coisas simples da vida, sejam elas alimentos ou um afago. E isso fez com que o Nike nunca se afastasse daqueles que agora - mal ou bem - proviam a sua sobrevivência. É que tal como certos homens, também o Nike era um deserdado da fortuna, um filho de um Deus Menor. Mas...
Um dia o Nike desapareceu. Passaram dias, semanas, meses. Do simpático e afável Nike nem sinal. As pessoas que se tinham habituado a ele e à sua afabilidade, acabaram por se convencer que ele tinha desaparecido para sempre. Mas a tragédia do Nike ainda lhe tinha reservado um último e trágico acto. A noticia chegou de chofre: O Nike está no canil municipal! Foi atingido a tiro de pistola à queima roupa. Dificilmente irá sobreviver. Alguém encontrou o Nike com as pernas traseiras destroçadas por uma bala que ainda se encontrava alojada no osso, a arrastar-se no meio do mato e alertou o Grupo de Voluntários do Canil Municipal do Seixal que providenciou o seu transporte e assistência médica imediata.
A primeira reacção dos médicos que o observaram foi "adormece-lo". Poucas hipotses de sobrevivência tinha aquele cão que, certamente, iria perder as duas pernas traseiras, que já não era jovem, que estava terrivelmente debilitado. Só que o Nike não é um cão qualquer. É senhor de uma força e de um desmedido Amor à Vida. A forma corajosa com que decidiu enfrentar mais esta provação, sem um lamento, sem um ganido, fez com que os médicos que o acompanham decidem encetar uma luta para o salvar. É que o Nike apenas quer viver...
No momento em que estas notas estão a ser escritas ele está a ser submetido a mais uma intervenção cirúrgica numa ultima tentativa para lhe salvarem a perna traseira que resta.
Se sobreviver, só sairá do canil para uma família de acolhimento. Não mais a rua será o seu destino.
ISTO É CRIME!
Resta-me uma pergunta e ao mesmo tempo um desabafo: O autor deste crime, os donos que expulsaram o Nike de casa, conseguirão dormir de consciência tranquila?
9 comentários:
Não consegui ler e ver estas fotos sem que as lágrimas me queimassem o rosto!!!!
Não há direito, quem fez isto devia sofrer o dobro do que o Nike está a sofrer, que Deus me perdoe o desabafo, mas neste momento a revolta revira-me o estomago...
Haja quem posso tomar conta do Nike, por se eu pudesse ele já estaria em minha casa deste o 1º post que li.
Anixa
Sem palavras.
Não tenho palavras também. Lágrimas correram nos meus olhos.
Misericórdia, Senhor!
As lagrimas correm pelos meus olhos!
E eu estou com ele todos os fins de semana!
para mim eu sempre o conheci como Fox, eu saiu do canil sempre com o coração apertado por ele!
Adoto-te Fox!!
Querido amigo, não há com não se comover com esta triste sina do Nike... Quem tem sentimentos e respeita a vida sente-se machucado também...
Que a providência divina traga logo recuperação para seu estado e que ilumine a vida das pessoas boas que o ajudaram.
Vou aguardar notícias...
Entre o cão e o dono ou quem lhe fez tamanha patifaria, eu pugno pelo cão. Como tenho vários cães, sei o que eles sofrem e quanto eles nos adoram logo que nos Vêem .
Quem não fica emocionado com atitudes tão insensíveis? Mas no final tudo dá certo. Tem selinho no blog para você. Um abraço.
Infelizmente...devem conseguir dormir,se tiveram a coragem de não o quererem mais,é porque estão bem,mas a recompensa deles virá um dia,de certeza...bjs
Foi tristíssima a sorte do Nike, finalmente compensado pela comiseração dos profissionais de saúde que não lhe praticaram a eutanásia. Que lhe seja concedido um final feliz!
Como me sinto orgulhosa da minha filha que adotou uma cadelinha encontrada num estado miserável, nos limites da sobrevivência.
Tratou-a, acarinhou-a e hoje ela faz-lhe muita companhia.
Ninguém percebe como uma cadelinha meiga, de lindo pêlo encaracolado, pode ter sido abandonada!
É muito meritório o trabalho que se tem feito para a proteção dos animais.
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