quinta-feira, 27 de outubro de 2011

PLANTAS MÁGICAS - O OLIMPO VEGETAL

Houve um tempo, no Renascimento, em que monarcas, outros nobres e poderosos, ordenaram a construção de artísticos e faustosos jardins. Alguns deles sobreviveram até aos nossos dias. Nesses jardim era sinal de bom gosto e de poder,  a exibição de plantas exóticas provenientes de terras distantes
Uma outra função destes espaços é o cultivo de espécies vegetais necessários à produção de elixires medicinais, unguentos e mezinhas, através de técnicas alquimísticas.
Este processo visava três objectivos:
Primeiro, a exibição de riqueza e fausto (já naquele tempo era assim...)
Em segundo lugar a produção das tais essências medicinais. O último objectivo era a busca de sinais do oculto, do mágico, da tentativa de entendimento dos sinais divinatórios que estabelecessem um elo de ligação entre o divino e misterioso e o homem na sua condição de ser terreno.
A ligação das plantas a certas divindades gregas ou romanas é um dado adquirido de todo o universo vegetal.
Júpiter, deus romano, senhor das divindades, com paralelo no deus grego Zeus, estabelecia uma espécie de fluído mágico entre a planta e o homem.
Apenas três exemplos desta vinculação Divindade/Planta.

Olho de Júpiter (Sempervivum tectorum)- Esta estranha planta, com forma de corpo celeste, presenteia-nos  com uma flor que tem o seu centro parecido com um olho humano. Assim, era recomendada para doenças do foro oftalmológico. Era colhida à quinta-feira, dia consagrado a Júpiter. Também tinha grande sucesso como afrodisíaco.

Açafrão do Prado  (Colchicum autumnale)- Esta é uma planta directamente ligada à deusa grega Medeia, hábil produtora de venenos. Ela e sua irmã Circe, também temível feiticeira, passavam o tempo nas montanhas em busca de plantas venenosas. Quando a noite caía, as duas tratavam de destilar as suas poções diabólicas no mais profundo sigilo.
As bagas de Açafrão, preparadas em infusão, provocam em quem as ingere um medo profundo.


 Carvalho (Quercus...)- A imagem desta árvore foi, desde sempre em todas as mitologias, escolhida para simbolizar, a força, a vida, a imortalidade, o esforço humano para alcançar o cosmos.
O passar das estações não a afecta. Na verdade, quando olhamos esta árvore magnífica, aproximamo-nos do conceito da imortalidade.  Daquele momento telúrico que liga o homem ao céu, à divindade. As suas raízes disformes, parecendo uma patorra gigantesca com garras que prendem o chão. Os seus ramos, braços desvairados de uma qualquer divindade, erguidos, tentando alcançar o céu, criam um estranho e mágico eixo cósmico. 
A sua altura imensa, faz dela um pára-raios, daí ser consagrada ao deus do raio e do céu, na Grécia, Zeus. Em Roma Jupiter. 
A maça de Hércules era feita da madeira desta árvore.

10 comentários:

Labirinto de Emoções disse...

Ler-te é sempre uma lição de vida, tudo o que escreves serve para eu aprender um pouco mais...:)

(apenas te falta um "a" na palavra vida na legenda do carvalho...)

Beijinho grande...

Maria Paz disse...

Destas só conheço o carvalho. E o carvalho faz-me lembrar um livro que gostei muito de ler "A um Deus Desconhecido".

Balellas disse...

Caro amigo,

Fiquei numa felicidade imensa em ler sua mensagem. Como você, um tempo atrás, pensei desistir do blog. Parece que as vezes escrevemos para ninguém. Mas minhas forças se renovaram com carinho dos amigos, o trocar de experiências, os conhecimentos adquiridos. Escrevo para pessoas especiais como VOCÊ!!! Amizade: quanto mais se dá, mais se tem!! Obrigada pela amizade!!!
Grande abraço
Lella

Lilá(s) disse...

Já estava com saudades destes posts João, sempre aprendo com eles. Linda a flor "olho de júpiter" não conhecia!
Bjs

Mariazita disse...

Amigo João
Esta postagem "cai-me no goto", pois gosto imenso de mitologa.
Nos meus tempos de estudante, em História Universal, em Roma, Grécia, Egipto... a parte que mais me entusiasmava era exactamente a mitologia.

Para além disso mostras-nos aqui duas flores lindas (!) que eu não conhecia.
E não fazia a mínima ideia de que a infusão de açafrão causava medo profundo. Mas não é o mesmo açafrão com que se faz arroz (que detesto!)... ou é?

O carvalho é uma árvore magnífica. Só o seu porte já sugere nobreza.
Não admira que estivesse ligada a Zeus, deus dos deuses gregos.

Classificação para esta postagem: MUITO BOM!

Adorei o teu comentário na minha «CASA». O meu post fez-te recordar os tempos de infância/juventude; e o teu comentário fez-me recordar alguns pormenores que já estavam meio esquecidos :)
Não há dúvida: quem dá, recebe em dobro... :)

Uma semana muito feliz. Beijinhos

Jardineiro do Rei disse...

Mariazita...
O Açafrão do Prado a que me refiro no meu post, não tem nada a ver com o açafrão usado em culinária. O "meu" açafrão é uma plantinha comum nas zonas de pinhal. Floresce na
Primavera.

Um abraço

João

Mariazita disse...

Bom dia, João
Muito obrigada pela rápida informação :)
Já fiquei mais descansada, embora não corresse grandes (nem pequenos) riscos de morrer envenenada :) pois não consigo comer arroz de açafrão - uma iguaria tão apreciada por tanta gente.
Adoro arroz de todas as maneiras - menos de açafrão :))) - e nos meus tempos de solteira comia-se arroz, lá em casa, 365 X por ano, independentemente do resto - era como uma espécie de salada :)

Feliz "Dia de Todos os Santos". Beijinhos

São disse...

Gosto de jardins, mas não muito daqueles talhados a esquadro e compasso.

Aprecio mais o que os espanhóis fazem: deixam um bocado de campo na cidade.

Bom fim de semana

Maria Rodrigues disse...

Adoro a natureza, gosto dos cheiros, das cores, de tocar e sentir a textura de uma árvore ou de uma flôr. Hoje vim agradecer a sua visita ao meu cantinho e fiquei encantada com o seu blog, aqui sinto-me em casa, meus parabéns por este espaço lindo.
Bom fim de semana
Beijinhos
Maria

Majo disse...

Não sabia que o mundo vegetal anda tão ligado à mitologia!

Acontece-me ficar deslumbrada a olhar para a perfeição de uma flor e a refletir na maravilha daquela criação que tem sido atribuída aos deuses...

Também adoro árvores de grande porte, elegantes ou majestosas...