Na Tapada da Ajuda, em terrenos do Instituto Superior de Agronomia, está a última vinha da cidade de Lisboa.
Este ano, porque os tempos são de penúria, houve que recorrer ao voluntariado para que a vindima se fizesse no tempo certo (nem mais nem menos, um dia...), porque a arte e magia de fazer vinho assim o exigem. E depois há os açucares, os taninos, o engaço e o desengaço, sem esquecer o aroma e o encorpado. Tudo tem que estar afinado para que o néctar de Baco se produza com acerto e não deixe mal, perante os alunos, o mestres enólogos. Porque aquela casa é uma Escola.
Nos quase 3 hectares de vinha, estão plantadas 12 castas brancas e tintas. As vinhas do ISA são três: A Vinha Nova , com castas brancas as Vinhas Almotivo e da Encosta com castas tintas.
Nas castas brancas podemos encontrar algumas castas menos conhecidas, como a Macabeu e a Viosinho. Também se pode observar a casta Alvarinho, tradicionalmente conhecida por produzir o magnífico vinho verde Alvarinho em terrenos minhotos.
E se o trabalho da vindima é duro em dias canícula, é extremamente compensador em termos de experiência unica que é termos a estranha sensação de estarmos a vindimar tendo como fundo sonoro o ruído incessante dos automóveis na ponte 25 de Abril e dos aviões que, a toda a hora, se dirigem para o aeroporto de Lisboa. Isto, paredes meias com os prédios de Alcântara e da Ajuda. E depois... há a simpatia da Ângela, qual formiguinha sempre a cirandar, a aconselhar e a ensinar...
Vinha Nova |
Vinha da Encosta. Ao fundo a Ponte 25 de Abril |
Vinha do Almotivo. Vislumbra-se o casario de Alcantara, o Tejo e a "Outra Banda" |
E de imagens surpreendentes também se faz a vindima no ISA...
Ninho de melro com um cacho de uva Moscatel dentro. O proprietário da habitação tem o restaurante à porta de casa... |
As estranhas castas do ISA...
E objectos estranhos...
O velho alambique com mais de cem anos |
E belas imagens...
Brindemos...
E façamos um voto, que "contra ventos e marés ", se não concretizem projectos de "reconversão" urbanística deste espaço mágico. Que as pessoas que gostam verdadeiramente da Tapada da Ajuda, não permitam que os interesses imobiliários mais ou menos obscuros, patrocinados pelos poderes instituídos, se sobreponham ao valor histórico, sentimental e patrimonial deste local.
E que...
A vindima na última vinha da cidade de Lisboa, não seja a última vindima na última vinha da cidade de Lisboa.
14 comentários:
OLÁ JARDINEIRO DO REI,TUDO BEM??? ESPERO QUE SIM...
ESCREVE-SE BUGANVÍLIA.
UM ABRAÇO NÉLIO
Muito teria para escrever e descrever, mas hoje fico-me apenas nas "saudades" das vindimas...há dias assim!!
Anicha
Obrigado Nélio...
Tinha essa dúvida.
um abraço
joão
ahahah Vindimeiro tambem! Homem dos 7 oficios mesmo..)) Gostei do post e espero que de facto as coisas bonitas destas minha linda cidade sejam preservadas mesmo.
Kelly
Quem cresceu dentro dessas realidades tem histórias engraçadas das vindimas, de descamisar o milho e outras tarefas que antigamente se faziam em grandes grupos. Só ajudei à vindima duas vezes. Uma quando miúda, quase não conta. Foi a primeira vez que provei vinho! A segunda há 3 anos, já mais à séria. E claro que aconteceu uma história. A uma senhora muito faladora entrou-lhe uma abelha ou vespa pela boca e foi picá-la na garganta. Teve que ir ao hospital mas correu tudo bem e acabámos todos à galhofa, ela também.
Longe vá o agoiro!!
Digo isto porque, por vezes quando se fala no mal aparece logo o tal.
Nem pensar acabar com a tapada da ajuda nem mudar a escola de agricultura, por favor....
Gosto muito de a ver ao fundo quando vou à praia no autocarro, na ponte.
Espero que fique sempre por lá.
Gostei muito das imagens que nos deu e para a próxima gostava que me avisasse, para eu ir ajudar também.
bj eugénia
Uma actividade em que gostaria de participar não sei é o tempo que resistiria...
Bjs
ps: se tiver curiosidade em semear bagas gogi coloque 1º de molho algumas horas, depois já pode lançar na terra de preferencia em vaso e em casa num local de muita luz. Ao terem alguns cm então podem ir para a terra, dão-se muito bem no nosso clima, adoram sol.
Acertei, em cheio, quando, passando pela casa da Mariazita (aiás, Mariquinhas)resolvi clicar na foto do Jardineiro do Rei. É que luto por preservações do Bom e do Belo, que querem nos furtar...Da Cadeirinha de Arruar, bem antiga, conto histórias do "baú" de minha memória.
Passar por aqui, foi um grande prazer.
Pretendo voltar, Jardineiro!
Um abraço, brasileiro
Da Lúcia...
Xiiiiii.... belas imagens de vinha :)
Cheguei até si, pela Teresa.
Beijinho
Boa noite "Jardineiro Do Rei"!!!Estou a adorar o teu blog!!!Um dia destes tens de visitar o meu!!!Um beijo de boa noite "bruxinho"...
Jardineiro!
A chuva já cai lá fora e será mais um dia nostálgico mas agora com estas palavras ainda mais. Nunca fui uma pessoa de apreciar vinho até que em 2000 entrei para essa instituição, fazia logo parte das praxes andar nas vinhas e provar o néctar. Ao fim de uns meses convenci-me que essa vida de nova agricultora não me daria grandes garantias de futuro, mudei de curso e instituição e fui para a UNL onde todos os dias atravessava a ponte e via essa Tapada que parece sempre mágica. E agora ironicamente, em casa, à espera de uma oportunidade de emprego, penso nos caminhos que tomei. :) Fico feliz por saber que ela ainda resiste Às intempérides e Às Troikas.
UM beijinho
A net por vezes prega partidas......(((mas quando ela regressa dá para ler mais umas coisa bonitas, e ver umas fotos belissimas!!!
Gostei de novo.
Um beijito e um sorriso
Maria
Estou com muita vontade de ir em 2014...
Resta saber se a minha pele aguenta! Só apanho sol de manhã cedo e à tardinha.
Terei de me preparar melhor!
E depois,quem corre por gosto, não se cansa!
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