O mundo mágico e oculto das plantas não se circunscreve às mezinhas e benzeduras, à prática de rituais que envolvem a magia e a feitiçaria. Há um campo que talvez passe despercebido, de tal maneira está entranhado na nossa vivência diária. Refiro-me à relação do mundo vegetal com uma das grandes incógnitas da existência humana: a morte.
Ciprestes na entrada do Cemitério de Arrentela - Seixal A sua forma longilínea lembra dedos apontando os céus, |
Outra árvore desde sempre ligada ao culto dos mortos é o Cipreste. É comum encontrá-lo à entrada dos cemitérios. O seu porte sereno, longilíneo e erecto representa um dedo apontando o céu. Existe mesmo uma nação, Chipre, cujo nome deriva de Cipreste. Nesta ilha, os habitantes, em épocas remotas, renderam culto a esta árvore.
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Na Antiguidade as castanhas eram considerada alimento do mortos e colocadas nas urnas. |
Na Alemanha, é o Amieiro, a árvore funerária por excelência. Goethe, no seu poema Erlenkönig (O Rei dos Amieiros), conta a história de um pai que viu o seu filho morrer-lhe nos braços depois deste ter visto, durante uma noite de temporal, o sinistro Rei dos Amieiros.
As ligações das plantas ao mundo do fantástico e da morte estão presentes em inúmeras culturas. Os Celtas, com uma cultura fortemente ligada ao mundo vegetal, cobriam os seus mortos com flores e folhas e depois da urna fechada, voltavam a cobri-la de flores e folhas.
O Loendro é, na Sicilia, a planta funerária. Na Rússia é hábito cobrir-se os mortos com ramos de Pinheiro e Abeto.
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Violetas. A flor que representa a Paixão, a Humildade e a Dor. |
Existe mesmo uma obra literária editada em Espanha em 1885, cujo autor, Celestino Barallat y Falguera, um advogado e escritor, nos dá a sua perspectiva sobre o culto dos mortos. Este homem, como que numa predestinação, viria a falecer no Dia de Finados de 1905.
Flores sempre presentes... |